Para Associação de Agricultura Orgânica, reunião sobre biossegurança foi decepcionante

19/03/2006 - 9h26

Irene Lôbo
Repórter da Agência Brasil

Brasília – Na opinião da ambientalista Marijane Lisboa, consultora da Associação de Agricultura Orgânica (AAO) e professora de relações internacionais da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), a 3ª Reunião das Partes do Protocolo de Cartagena sobre Biossegurança (MOP-3), encerrada ontem (17) em Curitiba (PR), foi "decepcionante".

A afirmação se refere ao acordo feito pelos 97 países membros do protocolo, que decidiram postergar para 2012 a obrigatoriedade do uso do termo "contém" no comércio internacional de organismos geneticamente modificados (OGMs). Até lá, alguns países signatários - aqueles com tecnologia suficiente para identificar os produtos - usarão o termo "contém" e os que ainda não possuem capacidade técnica adotarão o termo "pode conter".

"O que se esperava é que agora fosse obrigatório que todo o movimento de transgênicos fosse claramente identificado, e o que se fez foi adiar tudo isso para 2012, ou seja, durante esse período vamos ter muita contaminação por transgênicos em muitos países do mundo", critica Marijane.

Segundo a ambientalista, a participação do Brasil na MOP-3 foi melhor do que na MOP-2, que aconteceu no ano passado em Montreal, no Canadá. "O Brasil em Montreal fez o que agora fez o México aqui. Mas de qualquer forma a proposta brasileira foi muito tímida muito pior do que se podia esperar, e nessa timidez da proposta brasileira evidentemente se reflete a força do setor de agronegócios dentro do governo brasileiro", afirma.

De acordo com Rubens Nodato, gerente de recursos genéticos do Ministério do Meio Ambiente (MMA), o Brasil, ao declarar oficialmente o apoio à rotulagem obrigatória dos transgênicos, iniciou um processo importante que vai terminar daqui a seis anos. "A identificação deve ser feita a partir de agora", afirmou.