Bianca Paiva
Da Agência Brasil
Brasília - O secretário de Biodiversidade e Florestas, João Paulo Capobianco afirmou que o projeto de reflorestamento da Companhia Vale do Rio Doce também quer estimular a participação de pequenos produtores familiares de assentamentos de reforma agrária.
Segundo ele, a idéia não é transformar algumas áreas em grandes monoculturas de eucalipto, mas fazer o plantio de eucalipto na quantidade necessária para o parque siderúrgico, com o envolvimento de pequenos produtores, agricultores familiares, assentados, que possam ter nessa atividade mais uma fonte de geração de renda.
"A idéia é a de que implantar eucalipto seja mais uma atividade do agricultor familiar com um produto que vai ter venda garantida, com recursos garantidos, com assistência técnica, com oferta de muda e com a compra do produto garantido no futuro", explicou."Então, vai ter ali a possibilidade de atender a demanda ambiental, a do parque siderúrgico, que é econômica, a demanda social recuperando aquela área que foi muito degradada", falou.
O secretário enfatiza que a proposta não é a substituição da floresta pelo eucalipto. O plantio vai ser feito "em áreas degradadas onde a floresta já não existe e tratado com as condições ambientais adequadas e com todo cuidado social". "O eucalipto não é uma espécie danosa. O problema é quando uma espécie qualquer é utilizada de forma inadequada".
Capobianco informou a imagem negativa que se criou do eucalipto é conseqüência de projetos do passado. Ele lembrou que na década de 70, principalmente, com os incentivos fiscais do governo federal, houve um estímulo ao plantio do eucalipto em grande escala, sem planejamento e sem cuidados ambientais, o que levou à destruição de extensas áreas de Mata Atlântica e de Cerrado.
Segundo Capobianco, perdeu-se a biodiversidade e foram plantados eucaliptos em áreas muito extensas, o que é danoso. "Qualquer monocultura é danosa, seja de eucalipto, seja de uma espécie nativa. Se eu pegar, hoje, a Mata Atlântica, em qualquer região, elimina-lá e plantar peroba, por exemplo, que é uma espécie nativa, como monocultura, também terá todos os malefícios de um plantio homogêneo de eucalipto", explicou.
Capobianco esclareceu que isso acontece não pelo fato de ser uma árvore nativa ou exótica, mas por causa da forma como a cultura é implantada. "Não há, em princípio, nenhum problema em se ter o uso do eucalipto em determinadas regiões da Amazônia que já foram degradadas no passado. Ela pode, ao contrário, trazer benefícios ambientais e sociais".