Mylena Fiori
Repórter da Agência Brasil
Brasília – O governo vai começar a controlar a entrada de produtos têxteis chineses no país a partir da primeira segunda-feira do mês que vem, dia 3 de abril. A restrição foi acertada entre Brasil e China, em um acordo de restrição voluntária assinado no dia 3 deste mês e vale para o período de 2006 a 2008. Agora, outros segmentos da indústria brasileira preparam-se para solicitar ajuda oficial contra a concorrência desleal dos produtos que chegam da China. Apesar de priorizar as negociações, o governo brasileiro não descarta a possibilidade de adotar medidas efetivas de defesa comercial contra o gigante asiático, se necessário.
"Nós procuramos estar prontos para defendermos o emprego no nosso país. Vamos fazer isso negociando com os chineses e, eventualmente, usando as salvaguardas quando estes acordos não forem possíveis.", afirma Armando Maziat, secretário de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. "Sempre vamos tentar um acordo, mas o governo não vai poder deixar de usar um instrumento legítimo para proteger a indústria brasileira".
No caso dos têxteis, segundo dados do ministério, em 2003 as exportações de produtos chineses para o Brasil totalizaram US$ 153 milhões, passando para US$ 251 milhões em 2004 e US$ 360 milhões em 2005. O acordo, negociado durante seis meses e fechado em fevereiro pelos dois governos, fixa limites, até 2008, para a importação de oito categorias de têxteis chineses: veludo, bordados, camisas de malha, fios texturizados de poliéster, sintéticos, tecidos de seda, sobretudos e pulôveres. Estes grupos abrangem 76 diferentes produtos que respondem por cerca de 70% das importações do setor.
Antes do Brasil, EUA a União Européia também assinaram acordos semelhantes, mas menos abrangentes, com a Chima. No caso dos Estados Unidos, a restrição alcança 45,8% dos produtos negociados, enquanto o acordo com União Européia cobre 30% das importações. "Esses acordos são muito melhores do que as salvaguardas. Os países não estão brigando, mas definindo níveis de cooperação", avalia Paulo Bastos, vice-presidente da Câmara Brasil-China de Desenvolvimento Econômico.