Marcela Rebelo
Enviada especial
Valparaíso (Chile) – O Congresso chileno oficializou a posse da presidente Michelle Bachelet, eleita com mais de 3,7 milhões de votos no segundo turno, o correspondente a 53,49% do total. A cerimônia durou cerca de 40 minutos e foi presenciada por 30 chefes de Estado e mais de 220 delegações. Michelle recebeu a faixa presidencial com as cores azul, branco e vermelho das mãos de seu antecessor Ricardo Lagos. Conforme o protocolo, não houve discursos, mas a primeira mulher eleita para a comandar o país foi bastante aplaudida na sala de honra do Congresso.
Durante a cerimônia, parlamentares gritaram palavras de apoio à presidente: "Michelle, estoy contigo!". Bachelet também deu posse aos 20 ministros de seu governo. Entre as autoridades que estiveram presentes na solenidade, estão o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva; da Venezuela, Hugo Chávez; da Argentina, Nestor Kirchner; do Uruguai, Tabaré Vasquez; do Paraguai, Nicanor Duarte, do Peru, Alejandro Toledo, e do Haiti, René Préval, que acompanha a comitiva brasileira.
O presidente da Bolívia, Evo Morales, também acompanhou a cerimônia. É a primeira vez que um mandatário boliviano está presente à posse de um presidente chileno. Os dois países se enfrentaram em uma guerra no final do século 19, quando a Bolívia perdeu o acesso ao mar. O governo dos Estados Unidos foi representado pela secretária norte-americana de Estado, Condoleezza Rice.
A socialista da frente partidária Concertación venceu em segundo turno, no dia 15 de janeiro, o empresário Sebastian Piñera, da coalização de centro-direita Alianza por Chile. Mais de 3,7 milhões de chilenos votaram em Michelle Bachelet, que venceu com 53,49% do total.
A frente partidária Concertación, coalizão de centro-esquerda, está no poder desde o fim da ditadura de Augusto Pinochet, em 1990. Bachelet, no entanto, será a primeira presidente da Concertación que terá maioria no Congresso. Ela fica no poder até 2010.
Médica e divorciada, Bachelet foi ministra da Saúde e da Defesa do presidente Ricardo Lagos, de quem receberá o comando do país. A presidente eleita diferencia-se por ter sido perseguida pela ditadura de Pinochet. O pai de Bachelet, general Alberto Bachelet – que participou do governo de Salvador Allende –, foi torturado e morreu vítima da ditadura chilena. Ela e sua mãe chegaram a ser presas, torturadas e viveram exiladas na Austrália e na Alemanha.