Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio - O apoio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) a empresas cujo controle foi assumido por trabalhadores teve início em 1994, em atendimento à reivindicação de centrais sindicais e à demanda do Conselho Deliberativo do Fundo de Amparo ao Trabalhador (Codefat). Até o ano passado, foram liberados R$ 49,6 milhões para o financiamento de dez empreendimentos de autogestão, surgidos partir de processos de falência e privatização.
O banco definiu como autogestão os empreendimentos do setor industrial nos quais os trabalhadores sejam os proprietários e detenham o controle dos meios de produção, participando de todo o processo de gerenciamento da empresa. "Os ex-funcionários continuam no mercado da empresa que faliu e tentam manter tanto a parte de fornecedores como de clientes da empresa antecessora", explicou chefe do departamento de Economia Solidária do BNDES, Ana Cristina Rodrigues da Costa. Segundo ela, em geral, o histórico de empresas autogestionárias é da massa falida que os trabalhadores procuram recuperar.
Na avaliação de técnicos do BNDES, a autogestão tornou-se uma opção cada vez mais considerada pelos trabalhadores, principalmente pelos sindicalizados, para evitar o fechamento de unidades produtivas. A demanda por empréstimos, disse Ana Crsitina, se acentuou em 2004, quando foram enquadrados nove projetos.
Segundo ela, embora a demanda de financiamento desse tipo de empresa concentre-se na indústria metalúrgica, o banco também detectou projetos nas indústrias química, de construção civil e agroindústria. "Houve uma abertura e, com isso, vimos que podem acontecer projetos em outros setores", disse.
A maioria dos projetos, entretanto, é apresentada pela indústria de base, devido, em parte, à concorrência menor, com nichos de mercado definidos. "Para que o diferencial delas, que é a mão-de-obra, possa fazer diferença, porque se o diferencial for o capital, elas não têm chance no mercado", observou.