Alessandra Bastos
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Nesta segunda parte da entrevista, a secretária de Coordenação da Amazônia do Ministério do Meio Ambiente, Muriel Sagusse, uma das responsáveis pelo Programa Amazônia, diz que o novo plano pretende incluir municípios para o desenvolvimento sustentável da região.
Agência Brasil: Como serão, na prática, as parcerias com organizações não-governamentais (ONGs) e com o setor privado?
Muriel Sagusse: Existem pouquíssimas empresas na Amazônia com negócio sustentável. A maioria faz uso intensivo da área, seja retirando madeira, seja no agronegócio ou na pastagem. Estamos propondo apoiar quem quer fazer certo e entrar na lei. Por exemplo, praticamente todos os proprietários de Rondônia desmataram mais do que é permitido por lei. Eles têm, obrigatoriamente, que recuperar sua área. A gente quer apoiá-los a fazer isso.
ABr: E as ONGs?
Sagusse: Elas já executam muitos trabalhos no programa piloto [Programa Piloto para as Florestas Tropicais Brasileiras, o PPG-7, que estará em funcionamento até 2008], que tem sua base nos movimentos sociais e nos governos de estado. No novo programa, queremos incorporar também os municípios.
ABr: Que países investem hoje na Amazônia? E qual é o interesse deles na região?
Sagusse: Temos acordos de cooperação técnica principalmente com a Alemanha, o Banco Mundial e a Comunidade Européia. Para falar a verdade, nós quem fomos buscar esse apoio. Quando o programa piloto começou, a sociedade civil foi atrás da cooperação internacional para apoiar projetos, olhando a sustentabilidade que começou mais ou menos em 1990. O governo brasileiro se associou a isso e também foi buscar esse apoio.
Um interesse desses investidores é o intercâmbio de conhecimento. Mas o interesse primeiro é pela própria Amazônia, que é um ponto de equilíbrio no clima mundial e na circulação de água no planeta, além de ser um espaço muito importante de biodiversidade. Perder a Amazônia é perder isso. E não se perde só para o Brasil, mas para o mundo.