São Paulo, 15/2/2006 (Agência Brasil - ABr) - O coronel da Polícia Militar paulista Ubiratan Guimarães considerou que a decisão da Justiça de absolvê-lo prova que a ação policial no complexo penitenciário do Carandiru, em 1992, foi legal. "Ficou mais uma vez provado aquilo que a gente sempre disse, desde o começo. Foi provado mais uma vez que nós agimos no cumprimento do dever legal", afirmou.
Por 20 votos a 2, o Tribunal de Justiça de São Paulo absolveu na tarde de hoje (15) o coronel que havia sido condenado, em 2001, a 632 anos de prisão pela morte de 102 dos 111 prisioneiros assassinados no Carandiru. "A gente não queria matar ninguém. A gente queria salvar, tanto que salvamos muitas vidas. Nunca demos ordem para matar ninguém. Pelo contrário, era salvar aqueles que estavam no meio do fogo e tentar estabelecer a ordem", afirmou Ubiratan Guimarães.
Indagado sobre as mais de cem mortes na operação, o coronel disse que a polícia foi obrigada a "se defender". E explicou: "Só no pavilhão havia 2.200 presos, grande parte deles rebelada. Eles enfrentaram a polícia e nós tivemos que nos defender".
O promotor do caso, Antonio Visconti, disse acreditar que o Ministério Público poderá recorrer da decisão ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), mas não confirmou se vai ingressar com o recurso. Caso o Ministério Público entre com o recurso e a Justiça o acolha, um novo julgamento poderá ocorrer, segundo o promotor, dentro de um ano e meio a dois anos.