Haitianos protestam para colocar no poder o candidato escolhido pela maioria, avaliam ativistas

14/02/2006 - 15h32

Thaís Leitão
Repórter da Agência Brasil

Rio – Os apoiadores do candidato à presidência René Préval, do partido Lespwa, estão saindo às ruas no Haiti para pedir que o Conselho Eleitoral Provisório declare vitória ao candidato já no primeiro turno, por causa de possíveis irregularidades nas eleições. Embora existam manifestações e suspeitas de irregularidades pelos militantes de Préval, a votação e a apuração foram acompanhadas e aprovadas pela maioria dos observadores internacionais.

Mas, segundo um dos integrantes da Campanha de Solidariedade ao Haiti, lançada hoje (14) no Rio de Janeiro, o advogado João Luís Pinaud, membro do Conselho de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), os haitianos não querem desordem ao se manifestar nas ruas, mas, sim, colocar no poder quem eles elegeram.

"É preciso fazer as pessoas entenderem que o povo haitiano não está indo às ruas em manifestação após as eleições porque querem desordem, mas lutam para colocar no poder quem eles elegeram", diz. O partido de René Préval declarou que pode haver irregularidades na votação e na apuração. Desde o início da contagem, porém, o Conselho Eleitoral Provisório enfatiza que a apuração é transparente e honesta.

Segundo uma das coordenadoras do movimento, a economista Sandra Quintela, as pesquisas mostravam que René Préval, ex-presidente haitiano (1996 e 2001), era o candidato de 75% da população, mas o Conselho Eleitoral divulga resultados parciais da aputação com menos de 50% dos votos válidos para ele. "Préval não é o candidato das oligarquias. Não posso dizer que houve fraude porque não estou lá, mas digo que eles não querem respeitar a soberania do voto popular", afirmou.

Sandra disse, ainda, que a Missão Internacional reivindica o cancelamento da dívida externa do Haiti para que o país possa se desenvolver economicamente. Segundo ela, o G8 – grupo dos oito países mais ricos do mundo – está querendo considerar oficialmente o Haiti como país pobre altamente endividado para viabilizar uma iniciativa que prevê ajuda financeira.

O problema, segundo ela, é que nesses casos, há um perdão condicionado da dívida. "O país que recebe ajuda tem, em contra-partida, o aprofundamento da privatização e abertura do mercado financeiro. Esse não é o caminho para o desenvolvimento do país", disse.