Entidades lançam campanha contra missão da ONU e pelo perdão da dívida externa do Haiti

14/02/2006 - 13h48

Thaís Leitão
Repórter da Agência Brasil

Rio - Entidades e movimentos sociais que participaram do Fórum Social Mundial, na Venezuela, em janeiro deste ano, lançaram uma Campanha de Solidariedade ao Haiti. Os ativistas reivindicam a retirada das tropas internacionais do país, a anulação da dívida externa e a não renovação do mandato da Missão de Estabilização do Hatiti (Minustah), que foi aprovada hoje pelo Conselho de Segurança da ONU por mais seis meses.

"A Minustah é um verdadeiro fracasso. Ela não conseguiram cumprir seus objetivos, que são: treinar a polícia, desarmar a população e garantir a eleição. Em 18 meses de trabalho, apenas 265 armas foram resgatadas, a polícia não está sendo treinada, as topas que atuam no país nem falam a língua da população local. Além disso, a eleição está cercada de confusões", afirmou Sandra Quintela, uma das coordenadoras do movimento.

Para ela, o Haiti precisa de apoio técnico de profissionais como médicos e assistentes sociais, e não da presença armada de forças militares. "Eles têm intelectuais, tem movimentos sociais organizados, podem se estruturar sem perder a soberania nacional. O povo haitiano tem uma força para a luta comprovada historicamente", disse Sandra.

A Minustah foi criada em 30 de abril de 2004 por meio da resolução 1542 do Conselho de Segurança da ONU. Liderada pelo Brasil, a missão militar tem por objetivo levar segurança ao país durante o governo provisório. Além das tropas brasileiras, Argentina, Sri Lanka, Jordânia, Uruguai e Peru integram a missão.

Segundo o advogado João Luís Pinaud, membro do Conselho de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), a presença da missão é uma crueldade contra o Haiti e contra as tropas brasileiras que estão no país. De acordo com ele, as tropas "estão perdidas".

A assessoria de imprensa do Exército Brasileiro, a presença das tropas no Haiti é mantida por determinaçãoda ONU. A assessoria também negou que os 1.200 soldados brasileiros que integram a missão enfrentem problemas como abandono por parte das autoridades. O assessor de imprensa da Minustah, David Wimhurst, afirmou que a missão tem cumprido seu papel e busca garantir a segurança da população e uma transição para um governo eleito democraticamente.