Brasília, 14/2/2006 (Agência Brasil - ABr) - O diretor de Políticas Agrícolas da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), Antoninho Rovaris, disse hoje (14) que ainda é preciso discutir questões como a garantia de renda e o acesso das famílias a investimentos.
Após reunião de sindicalistas ligados à Contag com representantes do Ministério do Desenvolvimento Agrário, com o objetivo de avaliar as políticas adotadas pelo órgão, Rovaris ressalvou que houve avanços nas políticas voltadas para a agricultura familiar e para a reforma agrária.
"Nós entendemos que as políticas voltadas para a agricultura familiar ainda estão muito morosas quando se trata da aplicação de recursos e especialmente do acesso dos nossos agricultores a esse tipo de política. Nós nos preocupamos com a garantia de renda para os nossos agricultores, como forma de garantir a permanência deles no campo e de não gerar endividamento", explicou.
Atualmente, de acordo com o diretor, o endividamento dos agricultores familiares atinge R$ 15 bilhões. E esse problema só poderá ser superado com a adoção de uma política permanente que garanta aos agricultores mecanismos de regulação dos preços, independentemente da situação interna e externa do mercado. "Não dá para admitir que em função do mercado não se tenha políticas que garantam um patamar de estabilidade do preço dos produtos", disse.
Na avaliação de Antoninho Rovaris, o crédito fundiário ajudou a realizar a reforma agrária, mas, isolado, o programa não resolverá a situação das famílias assentadas.
Sobre a realização, em Porto Alegre (RS), da 2ª Conferência Internacional sobre Reforma Agrária, entre os dias 6 e 10 de março, ele afirmou que os participantes deverão estar voltados para a definição de "uma política de infra-estrutura que dê condições mínimas de moradia aos assentados, para que eles desenvolvam formas de exploração da terra visando à subsistência".
A conferência, promovida pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), acontecerá 30 anos depois da primeira edição, em 1976. O diretor da Contag lamentou que um debate internacional sobre reforma agrária tenha demorado tanto para acontecer novamente, mas destacou os efeitos positivos que o encontro poderá gerar: "Essa conferência será um momento oportuno para que se debata essa política mundial com relação à reforma agrária e para buscar outras alternativas".