Convocação provocou desgaste, mas levará Legislativo a uma grande renovação, diz professor

14/02/2006 - 11h50

Rio, 14/2/2006 (Agência Brasil - ABr) - A convocação extraordinária do Congresso Nacional, que termina hoje (14), teve pontos positivos, apesar de ter provocado desgaste no Legislativo. A análise é do professor David Fleischer, da Universidade de Brasília (UnB). Ele disse, entretanto, que o desgaste provocado na opinião pública vai levar a uma renovação muito grande nas eleições. "Talvez tenhamos 60% de deputados novos em 2007", estimou.

Para o cientista político, o grande desgaste foi definir prazo de trabalho entre15 de dezembro e 15 de janeiro, com direito a um salário extra sem a realização de sessão e de atividade. Em compensação, disse Fleischer, nesse período, foram aprovados a redução do tempo de recesso dos parlamentares e o fim da remuneração em convocações extraordinárias.

"O positivo é que forçou o Congresso a mudar seus hábitos. Isso foi uma reação positiva diante da opinião pública", avaliou Fleischer, em entrevista ao programa Notícias da Manhã, da Rádio Nacional.

Fleischer ressaltou ainda como fator positivo a aprovação da proposta de emenda à Constituição (PEC) que acabou com a verticalização dos partidos políticos e a aprovação do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb).

Como pontos negativos, o cientista político apontou o funcionamento "a meio vapor" das CPIs (comissões parlamentares de inquérito) e o período em que o Conselho de Ética da Câmara ficou parado. "Quando retomou, votou alguns casos, mas aí sobraram outros para serem votados e, ainda, pela primeira vez, o próprio Conselho votou a favor da absolvição de um dos acusados [Pedro Henry, do PP de Mato Grosso]", afirmou.

Para David Fleischer, a oposição está fazendo tudo para atrasar a votação do Orçamento e, assim, não permitir que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tenha recursos para, principalmente, investimentos em um ano eleitoral.