De hoje até quarta-feira, Brasil comemora os 30 anos da independência de Angola

10/02/2006 - 13h37

Irene Lôbo
Repórter da Agência Brasil

Brasília – O Brasil foi o primeiro país do mundo a reconhecer, em novembro de 1975, a independência de Angola. Para comemorar os 30 anos da libertação do país africano do domínio português, o Ministério da Cultura, por meio da Fundação Cultural Palmares, promove de hoje (10) até quarta-feira (15) diversos eventos culturais e artísticos nas cidades de Brasília, Salvador e Rio de Janeiro.

Na abertura das comemorações, em Brasília, o conselheiro da Embaixada de Angola, Agostinho Tavares, ressaltou os laços históricos que unem os dois países, como a língua, as comidas típicas e diversas manifestações culturais. O conselheiro também lembrou a gratidão do povo angolano pelos brasileiros.

"Não nos cansamos de repetir o gesto que o Brasil teve em ter sido o primeiro país a reconhecer a independência de Angola. Para nós, angolanos, foi um gesto de extrema coragem e ousadia, porque na época o Brasil vivia sob o regime militar", disse.

Para o presidente substituto da Fundação Cultural Palmares, Zulu Araújo, a comemoração da independência angolana é o reconhecimento da influência da cultura daquele país no Brasil. Ele cita como exemplo a capoeira, praticada em mais de 150 países, o samba, cujo ritmo de origem é angolano e, no campo da culinária, a galinha cabidela, também conhecida como galinha d’angola.

"Se essa herança que nós temos é fruto de uma tragédia, pois a escravidão e o tráfico de escravos é que fizeram com que a presença angolana fosse tão forte no Brasil, hoje nós podemos ver isso de uma forma diferente", observou Zulu.

Na opinião do secretário-executivo do Ministério da Cultura, Juca Ferreira, apesar de terem chegado ao Brasil como escravos, os angolanos também conseguiram "colonizar" o Brasil. "É impossível compreender a identidade cultural brasileira, o que nós somos, as nossas principais características, se a gente não refizer essa relação na formação do Brasil, da nação brasileira, dessa presença angolana", avaliou.

Em Brasília, as comemorações serão realizadas durante todo o dia de hoje (10), no auditório da reitoria da Universidade de Brasília (UnB). Em Salvador, as atividades ocorrem no dia 13, a partir das 9 horas, na Casa de Angola e no Museu Eugênio Teixeira Leal. No Rio de Janeiro, as comemorações oficiais serão no Museu da República, no dia 15, a partir das 18 horas.

Participam da iniciativa a Associação Amigos da Cultura Afro-Brasileira (Amafro), Museu da República (Iphan/MinC), Fundação Gregório de Matos, Consulado Geral de Angola, Embaixada de Angola no Brasil e a Universidade de Brasília (UnB).