Ana Paula Marra
Repórter da Agência Brasil
Brasília – O depoimento hoje (26) do ministro da Fazenda, Antonio Palocci, à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) durou quase seis horas, tempo em que ele respondeu, entre outras indagações, a perguntas de parlamentares sobre as denúncias de irregularidades durante o período em que foi prefeito de Ribeirão Preto (1993-1996 e 2001-2002). Ao se despedir dos integrantes da comissão, Palocci, que não falou com a imprensa após o depoimento, disse que deixava o local "engrandecido" pelo diálogo que teve com os parlamentares.
Durante todo o tempo em que estava na comissão, o ministro negou a existência de um esquema de propina na prefeitura do município paulista na época em que era prefeito e reiterou que não houve envio de dólares de Cuba para a campanha eleitoral do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2002.
Na avaliação do presidente da CPI, senador Efraim Moraes (PFL-PB), o depoimento de Palocci não foi tão convincente como a oposição esperava, embora tenha sido possível sanar algumas dúvidas. De acordo com o senador, cabe agora ao relator da CPI, senador Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN), tirar as conclusões do que foi proveitoso do depoimento.
Indagado se todas as dúvidas foram esclarecidas com relação às denúncias que envolvem o ministro da Fazenda e seus ex-assessores, Moraes disse que as investigações devem continuar no que se refere ao ministro "enquanto prefeito de Ribeirão Preto e coordenador da campanha de Lula". "Agora, enquanto ministro da Fazenda, acredito que ele esteja fazendo a sua pare", acrescentou.
Moraes não quis comentar se Palocci deveria ser citado no relatório final da CPI dos Bingos, a ser elaborado por Garibaldi, como defendeu o líder do PFL no Senado, José Agripino (RN). Essa questão, observou Moraes, deve ser estudada pelo próprio relator. "Não cabe a mim, que sou presidente da CPI, me posicionar em relação a isso". Agripino, por sua vez, afirmou que não tinha como o ministro não ser citado no relatório final "por conivência com a improbidade".
Após o depoimento, diversos integrantes do PT, como a senadora Ideli Salvatti (PT-SC), criticaram a oposição por ter usado a CPI para fazer "palanque eleitoral". Ela reclamou das perguntas feitas ao ministro que, na avaliação dela, não tiveram sequer a ver com o foco da CPI. "Ninguém fez perguntas a Palocci sobre a ligação do bingo com o crime de lavagem de dinheiro", observou.
Moraes discordou da posição da senadora e disse que todos os parlamentares que tiveram interesse em usar da palavra o fizeram. "Se os companheiros do PT estão reclamando que não foram feitas perguntas sobre o objeto da CPI dos Bingos, então eu vou convidar novamente o ministro da Fazenda para que os companheiros do PT possam perguntar tudo o que desejarem", acrescentou.