Missão brasileira acompanhou processo eleitoral palestino, que não acontecia há dez anos

26/01/2006 - 19h32

Roberta Lopes
Repórter da Agência Brasil

Brasília – Mais de 1,3 milhão de palestinos elegeram, ontem (25), 76 candidatos do partido Hamas para ocupar um total de 132 cadeiras no Conselho Legislativo Palestino (parlamento), segundo resultados oficiais do Conselho Eleitoral Central Palestino. Quatrocentos candidatos participaram do pleito. A última vez que os palestinos votaram foi em 1996.

Uma missão brasileira foi convidada pela Autoridade Nacional Palestina para acompanhar o processo eleitoral na região. A missão foi composta por representantes da Justiça Eleitoral, do Congresso Nacional e do Ministério das Relações Exteriores.

Para a professora Carmem Lícia Palazzo, doutora em História pela Universidade de Brasília (UnB) e especialista em Palestina, a vitória do grupo radical islâmico Hamas preocupa a comunidade internacional.

"O problema maior é que o Hamas não tem uma história de diálogo nem com a comunidade internacional nem dentro dos próprios grupos. Entre ele e o Fatah [partido que está no atual governo]. A Europa estava preocupada, a França, que tem de modo geral um bom diálogo com os palestinos, estava preocupada", afirmou ela.

Segundo Lícia, os Estados Unidos e a União Européia consideram o Hamas um grupo terrorista por ter feito vários ataques a Israel, vários deles com carros-bomba.

Em nota à imprensa, o Ministério de Relações Exteriores disse ter ficado satisfeito com o processo eleitoral palestino, porque ocorreu "com tranqüilidade". Na nota, o "governo brasileiro congratula, sobretudo, o povo palestino, que compareceu em número expressivo ao pleito. O exitoso processo eleitoral constitui marco decisivo para a consolidação da democracia".

A nota informou ainda que o Brasil "apóia os esforços em prol da construção de um futuro de justiça e prosperidade para todos os povos do Oriente Médio e espera que o processo democrático conduza ao estabelecimento do Estado palestino independente e soberano, em coexistência pacífica com Israel".

Onze partidos participaram das eleições, entre eles o Fatah, fundado pelo líder palestino Yasser Arafat. Logo depois da divulgação da vitória do Hamas, o primeiro-ministro palestino, Ahmed Korei, renunciou ao cargo.