Governos de esquerda precisam evitar crescimento à custa de inflação, aponta Marco Aurélio Garcia

26/01/2006 - 20h01

Spensy Pimentel
Enviado especial

Caracas (Venezuela) – O assessor especial da Presidência da República para assuntos internacionais, Marco Aurélio Garcia, fez hoje uma avaliação do desafio que a nova geração de presidentes de esquerda da América Latina enfrenta no período que denomina "pós-neoliberal".

Para ele, além de promover o crescimento econômico com distribuição de renda, mantendo em paralelo um aprofundamento da democracia na região, os governos progressistas precisam evitar erros do passado, como as políticas que promoviam o crescimento à custa de inflação ou endividamento externo. Deve-se buscar um crescimento "macroeconomicamente são", definiu Garcia.

"Essas bandeiras que muitas vezes foram utilizadas pela direita contra nós, devemos tomá-las e dizer que temos sim condições de fazer uma gestão macroeconomicamente muito mais equilibrada a qual a direita neoliberal tratou de propor", disse o assessor, durante debate promovido por entidades brasileiras e venezuelanas no 6º Fórum Social Mundial.

Para Garcia, a América Latina está ingressando "num período democrático profundo", depois de ter experimentado instabilidade durante as décadas em que imperou na região o ideário neoliberal. "Agora estão reunidas as condições para a integração na região."

Outra meta a ser buscada, segundo Garcia, é a "diminuição da vulnerabilidade externa" no plano econômico. Nesse sentido, ele destacou as recentes iniciativas de Brasil e Argentina, que encerraram relações com o Fundo Monetário Internacional (FMI) ao devolver dinheiro que estava emprestado como forma de prevenir crises na balança de pagamentos dos países.

O assessor ressaltou que os avanços econômicos precisam dar-se nos marcos de uma "democracia fortalecida", com a ampliação da participação popular e da integração política entre os países da região.

Garcia participou da conferência "Integração Solidária: Caminhos para o Desenvolvimento da América Latina", promovida pelo Instituto Mauricio Grabois, Fundação Perseu Abramo e Frente Cívico Militar Bolivariana da Venezuela.