Em 2005, vendas em supermercados cresceram menos que o estimado pelo setor, diz presidente da Abras

26/01/2006 - 13h49

Flávia Albuquerque
Repórter da Agência Brasil

São Paulo - As vendas no setor de supermercados cresceram 0,66% em 2005 na comparação com 2004, segundo o Índice Nacional de Vendas da Associação Brasileira de Supermercados (Abras). As projeções iniciais da entidade apontavam um crescimento de 2% a 2,5%. De acordo com o balanço divulgado hoje (26), em dezembro do ano passado as vendas cresceram 34,84% frente ao mês anterior. Apesar do desempenho, as vendas tiveram queda de 3,84% na comparação de igual período do ano anterior.

Segundo o presidente da entidade, João Carlos de Oliveira, o resultado é decorrente das altas taxas de juros, dos níveis elevados de desemprego e do aumento nos preços das tarifas públicas, como água, energia elétrica, telefone e combustíveis. "Tivemos um ano que apresentou redução da renda, o consumidor passou grande parte do ano de 2005 endividado, com menos poder aquisitivo", avaliou. "Isso refletiu diretamente nas vendas dos supermercados, principalmente a partir do segundo trimestre do ano passado".

Oliveira observou ser possível que o comprometimento da renda levou o consumidor a comprar menos nos supermercados, motivo pelo qual houve queda em dezembro. Ele também diz que o comportamento do consumidor mudou dentro dos supermercados. "A exemplo de 2003, o consumidor está buscando novamente produtos mais baratos e em promoção, deixando de lado a marca que usualmente consumia".

A projeção para 2006 é de melhora no desempenho do setor, devido à melhoria nas condições macroeconômicas. As expectativas são de crescimento de 2,5% a 3%. "Se nós alçarmos esse número recuperaremos as perdas de 2003", disse Oliveira, acrescentando que o reajuste do salário mínimo dos atuais R$ 300 para R$ 350 será um dos fatores que devem contribuir para o crescimento do setor em 2006. "Serão R$ 25 bilhões que estarão rolando na economia ao longo de 2006, certamente grande parte dessa fatia irá para os supermercados".

Embora estime uma recuperação em 2006, Oliveira não acredita que haverá aumento dos preços, já que as vendas estão baixas. "Se os preços aumentarem, as vendas ficarão menores ainda". Ele pondera, no entanto, que a competição entre as lojas deve continuar acirrada, principalmente entre as grandes redes e as regionais. "Isso estimula a melhoria na eficiência. Paralelamente, temos um crescimento muito forte por meio dessas redes em regiões até então não atuadas por elas".