Adriana Franzin
Da Agência Brasil
Brasília - O escritor e educador Dante Donatelli disse nesta quarta-feira, no programa Diálogo Brasil, que dar palmadas em crianças é uma medida educativa. "Dizer que a ação do tapa migra para o comportamento é um absurdo", afirmou. Para ele, a violência simbólica é muito pior que a palmada. "É preciso, urgente, que a gente repense o papel da paternidade e da maternidade na sociedade brasileira", destacou Donatelli, no estúdio da TV Cultura, em São Paulo.
No estúdio da TVE Brasil, no Rio de Janeiro, Lauro Monteiro Filho, secretário-executivo da Associação Brasileira Multiprofissional de Proteção à Infância e à Adolescência (Abrapia) discordou. "Os pais têm a obrigação de estabelecer limites. Mas esses limites devem ser estabelecidos até com castigos, mas não com castigos físicos". O secretário concordou, no entanto, com a idéia de que a palmada não leva, necessariamente, a outro tipo de violência.
Em Brasília, no estúdio da TV Nacional, a deputada Federal Sandra Rosado (PSB/RN), relatora do projeto de lei que proíbe a palmada em crianças, argumentou que "a palmada repercute muito mais negativamente do que positivamente na formação da pessoa". Ela destacou que é preferível o castigo não-físico, como a subtração de algo de que a criança goste ou que deseje fazer. De acordo com a deputada, quem desobedecer a lei pode ser encaminhado a tratamentos psicológicos e cursos. "A punição para quem descumpre a lei é o diálogo".
Para o psicólogo e doutor em Psicologia Clínica pela Universidade de Brasília, Adriano Facioli, que participou do programa no estúdio da TV Nacional, "é subestimar a inteligência de uma criança afirmar que ela vai aplicar a violência a qualquer conflito que tiver na sua vida". Para ele, é questionável afirmar que dar palmadas é um ato de violência.
Os debates do Diálogo Brasil foram mediados pelo jornalista Luiz Fara Monteiro. O programa é transmitido ao vivo para todo país, sempre às quartas-feiras, das 22h30 às 23h30. Os telespectadores podem participar enviando perguntas e sugestões pelo e-mail dialogobrasil@radiobras.gov.br e pelo telefone (61) 3327-4210.
