Spensy Pimentel
Enviado especial
Caracas (Venezuela) – O assessor especial da Presidência da República para assuntos internacionais, Marco Aurélio Garcia, disse hoje (26) que as críticas que o governo brasileiro sofre por parte dos movimentos sociais que participam do 6º Fórum Social Mundial se devem a expectativas "excessivamente elevadas" de setores da esquerda no inicio da gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ele comparou a decepção desses setores com a de quem propõe a outra pessoa um salto em altura de três metros. "Você não consegue pular, as pessoas dizem: ah, ficamos decepcionados".
Ele avalia que há no país um nível de desinformação "muito grande", o que faz com que muitas pessoas não percebam os avanços do governo. "O governo avançou muito mais do que as pessoas pensam. Alguns setores podem não ter clareza das dificuldades que o presidente Lula enfrentou no início de seu mandato", observou, citando como uma das dificuldades encontradas no inicio de 2003 a "desorganização da macroeconomia".
Ele disse que o governo promover um ajuste econômico sem recessão, que possibilitou em seguida obter "êxitos sociais" em um curto espaço do tempo. Para o assessor, a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicilio (PNAD) de 2004, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostra que houve uma "inclusão social muito forte".
Garcia participa hoje à tarde de debates sobre a integração da América Latina. Em conversa com jornalistas no saguão de um dos hotéis onde acontece o fórum, Garcia também disse considerar normais as divergências dentro do encontro internacional. "Nós não queremos uma esquerda monolítica", observou.
O assessor também destacou o papel do país para a integração sul-americana. Entre as ações nesse sentido, ele lembrou o perdão da dívida de vários paises mais pobres que o Brasil, os investimentos da Petrobras na Argentina e na Bolívia, o custeio de pontes que estão fazendo a ligação com países vizinhos e o financiamento da estrada Transoceânica, que vai ligar o Brasil com o oceano Pacífico.
"Há uma ajuda muito grande que o Brasil tem dado tanto no nível bilateral quanto multilateral", afirmou, em referência a ações que o país tem assumido no âmbito do Mercosul. "Temos tentado fazer isso de forma compátivel com os desafios internos que temos".