Reunião sobre reajuste do mínimo termina sem acordo

15/12/2005 - 22h19

Adriana Franzin
Da Agência Brasil

Brasília - A reunião entre as centrais sindicais e representantes do governo terminou sem acordo sobre o reajuste no valor do salário mínimo, no próximo ano. Enquanto os sindicatos pedem um aumento para R$ 400, o ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho, afirma que o orçamento do governo não é suficiente para garantir o valor de R$ 350. Na próxima quarta-feira (21) haverá um outro encontro para solucionar o assunto.

"Na questão do salário mínimo, ficamos nesse impasse: nós queremos R$ 400 e o governo disse que o que tem na mesa é o valor de R$ 321", afirmou o presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva, em referência ao previsto no projeto de lei orçamentária, em tramitação no Congresso Nacional. Segundo ele, a negociação deverá estabelecer um valor entre R$ 350 e R$ 400. "Eles não têm outra saída, será um ano eleitoral", acrescentou. Pereira informou ainda que se a situação não for resolvida na semana que vem, a discussão irá para o Congresso.

O presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), João Felício, reconheceu que o aumento real de 11% já é um grande avanço, mas disse o papel dos sindicatos é pressionar por um valor maior. "Nós queremos sair desse debate estéril, cansativo, demagógico, de todos os anos. Seria muito positivo para o país se nós conseguíssemos fazer um acordo por vários anos, sempre tendo inflação mais algum ganho real", ressaltou. De acordo com Felício, "a melhor forma de provocar crescimento econômico é colocar dinheiro no bolso dos cidadãos".

O ministro Luiz Marinho defendeu que o governo está disposto a elevar o valor do salário mínimo, mas até o momento, pelas contas da equipe econômica, não é possível chegar a R$ 350. "Se as centrais sindicais toparem R$ 340, nós fechamos o acordo imediatamente", declarou. Segundo o ministro, para que o salário mínimo de R$ 350 coubesse no Orçamento, seria necessária uma flexibilização dos estados em relação à Lei Kandir.

O ministro informou também que o poder de compra em relação ao custo da cesta básica quase dobrou desde maio de 1995. Segundo ele, nessa época um salário mínimo comprava 1,2 cesta básica. Oito anos depois, chegou a 1,3 e atualmente esté em 2,04 cestas básicas.

Também participaram da reunião os ministros Antonio Palocci, da Fazenda; Paulo Bernardo, do Planejamento; e Dilma Rousseff, da Casa Civil; além dos representantes da Central Única dos Trabalhadores (CUT); Central Geral dos Trabalhadores (CGT); Central Autônoma dos Trabalhadores (CAT); Força Sindical; Central Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGTB) e Social Democracia Sindical (SDS).