Adriana Franzin
Da Agência Brasil
Brasília – A coordenadora nacional do Movimento Nacional de Direitos Humanos, Roseana Queiroz, disse ontem (14), no programa Diálogo Brasil, no estúdio da TV Nacional, em Brasília, que toda a sociedade é responsável pela construção de uma nova idéia de direitos humanos.
"Temos uma situação vexatória no país. Nós temos um sistema carcerário falido que impossibilita a reinserção de pessoas". De acordo com a coordenadora a falta de classificação de detentos por gravidade dos crimes e provoca um aumento da população carcerária. "Mais do que falar sobre prisão perpétua, nós temos que discutir como resolver o problema da população carcerária", ressaltou.
O secretário de Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro, Marcelo Itagiba, disse que os recursos do país estão sendo empregados de forma equivocada: "em vez de termos investimentos no sistema carcerário e na segurança pública, estamos antecipando parcelas do Fundo Monetário Internacional". Ele infirmou, no estúdio da TVE Brasil, no Rio de Janeiro, que foi investido R$ 1,5 bilhão no estado em 2005. Para ele, precisa haver um trabalho de inteligência integrado entre as polícias estadual e federal. "A miséria associada à droga cria o estopim que vai fazer a explosão da violência no país", salientou.
Hédio Silva Júnior, secretário da Justiça e da Defesa da Cidadania do Estado de São Paulo afirmou no estúdio da TV Cultura, em São Paulo, que é preciso a colaboração da sociedade para a reinserção de ex-detentos: "quando essas pessoas ganham a liberdade, há um estigma que o acompanha por toda a vida e uma indisponibilidade da sociedade para reconhecer que esse indivíduo precisa de uma nova oportunidade". Segundo ele, a espetacularização da violência colabora com o problema. "A mídia contribui para que um laço de solidariedade e de respeito seja destruído e dê lugar a uma forma violenta de lidar com a vida humana" acrescentou. Para ele, o disque-denúncia é uma prova de que a colaboração da sociedade dá certo.
O professor e pesquisador da UnB, Antônio Flávio Testa, disse, também no estúdio da TV Nacional, que o Brasil pode sofrer alguns surtos de violência como o que aconteceu na França, "não por conta do questionamento político, mas em relação à brigas de gangues, torcidas organizadas e determinados segmentos". Ele afirmou que em Brasília nota-se o crescimento da violência de todos os tipos: "a preocupação da sociedade brasiliense é crescente, não obstante todo o esforço que a Secretaria de Segurança tem feito para conter a criminalidade".
Os debates do Diálogo Brasil são mediados pelo jornalista Florestan Fernandes Júnior. O programa é transmitido ao vivo para todo país, sempre às quartas-feiras, das 22h30 às 23h30. Os telespectadores podem participar enviando perguntas e sugestões pelo e-mail dialogobrasil@radiobras.gov.br e pelo telefone (61) 3327-4210.