Nielmar de Oliveira
Enviado especial
Manaus - O último dia do 1º Congresso Internacional Piatam (Potenciais Impactos e Riscos Ambientais da Indústria do Petróleo e Gás na Amazônia) foi dedicado ao projeto Cognitus (Ferramentas Cognitivas para a Amazônia, uma das vertentes do Piatam) e seus robôs. Iniciado em 2002 com um orçamento de R$ 1,5 milhão, o projeto surgiu a partir da constatação, por parte dos pesquisadores da Universidade Federal do Amazonas e da Petrobras (os dois gerenciadores do Piatam), de que nenhuma ação ou tecnologia utilizada hoje no país servia para a Amazônia.
O Cognitus busca estabelecer uma relação direta entre os diversos programas do Piatam, "unindo cientistas, artistas e filósofos em torno da necessidade de aumentar o grau de resolução e entendimento de como funciona este grande banco de complexidade geológica e biológica que se chama Amazônia", explica José Wagner Garcia, arquiteto e artista visual que coordena o projeto.
Agora entrando em sua segunda fase, o programa implementará em janeiro o projeto Meta-Genoma, para analisar os microorganismos da região de manguezais. "Será iniciado pelo Lago Genoaca (um dos muitos da região central da Amazônia), onde criaremos um novo tipo de monitoramento ambiental – através do estudo de como o DNA responde às alterações sazonais – que possa eventualmente auxiliar em caso de um derramamento de óleo", informa Garcia.
Na avaliação do arquiteto, o programa trabalha com a busca de ferramentas que possam ajudar a estatal a entender o ambiente amazônico. "Os robôs tendem a uma aproximação com os organismos biológicos, os biosensores, a robótica e a parte de nanobiotec (área da biotecnologia na escala nano, ou seja, na escala métrica)", disse. E resumiu: "É a construção de um novo pensamento biológico".
Para o geólogo da Petrobras Fernando Pellon de Miranda, um dos coordenadores do Piatam, é preciso entender o rio em sua inteligência, a fim de minimizar os riscos. "Se entendermos como ela funciona, aumentaremos nossa capacidade de previsão e poderemos pensar melhor os possíveis cenários para planejarmos com mais fundamento as intervenções na planície fluvial", explicou.
O arquiteto José Wagner Garcia completou: "Na verdade, entende-se muito pouco sobre isso, não por falta das ações, mas de uma nova teoria de conhecimento para dar conta de processos que estão lá e que precisam de resolução cognitiva. Para traduzir entendimentos da Amazônia, é preciso construir ferramentas – não necessariamente técnicas – que permitam o desenvolvimento de ações efetivas na região".