Norma Nery
Repórter da Agência Brasil
Rio - Os produtores das regiões do Norte e Noroeste Fluminense que têm lavouras financiadas e tiveram prejuízos causados pelas chuvas poderão renegociar prazos de contratos com o governo do estado e o Banco do Brasil. O anúncio foi feito hoje (15) pelo secretário de Agricultura, Abastecimento, Pesca e Desenvolvimento, Christino Áureo da Silva, que classificou a situação das regiões como "preocupante" para as lavouras de cana-de-açúcar e para as pessoas que moram em baixadas e perto de rios que ficaram desalojadas e desabrigadas.
Silva disse que o volume de chuva dos últimos dias atingiu uma precipitação de 1.600 milímetros, quando o normal acumulado para essa época do ano é de no máximo é de 900 milímetros. Ele disse não acreditar, no entanto, que o estado corra risco de desabastecimento.
"Nós estamos acompanhando o final da safra de cana-de-açúcar, que está prejudicada, principalmente, pela impossibilidade de colheita em alguns locais, com vista, também, a proporcionar a esses produtores um tipo de apoio e amparo. Não acho, a essa altura, que tenhamos algum risco de desabastecimento porque não afeta lavouras de consumo imediato", comentou.
O secretário disse, ainda, que o prejuízo total dos produtores só poderá ser levantado depois que as águas baixarem. Mas garantiu que a Defesa Civil do estado está trabalhando em conjunto com os municípios no atendimento à população das áreas afetadas.
Os problemas causados pelas chuvas levaram os municípios de Aperibé, Quissamã e São João da Barra a decretarem estado de emergência. Aperibé chegou a ter 3 mil desalojados pelas águas do Córrego Santo Antônio. Segundo o governo, a situação melhorou e o número caiu pela metade. Em São João da Barra, 260 pessoas estão desalojadas. Em Quissamã, há 150 desalojados , lavouras de cana submersas e prejuízo na produção de leite, estimado em 70% pela prefeitura local. A cidade conseguiu, nesta quinta-feira, autorização do Ibama para abrir a barra da Lagoa das Garças, na Praia de São Francisco, para escoar a água.
Outras cidades foram afetadas, como Bom Jesus do Itabapoana, onde a enxurrada provocou o deslizamento do terreno do cemitério e dezenas de sepulturas foram destruídas. O problema atinge, também, Campos dos Goytacazes, onde 30 famílias estão desabrigadas e 50% da lavoura de cana está submersa.
O Sindicato dos Trabalhadores Rurais do município já começou a levantar a perda da produção em áreas de economia familiar, assentamentos e fazendas, causada pelas chuvas. O objetivo do trabalho é conseguir a prorrogação de prazos de pagamentos que vencem até o final do mês. Entre eles, a taxa anual de assentamento e a segunda parcela do Programa de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf).
O presidente do Sindicato, Paulo Honorato, disse que um relatório detalhado sobre os prejuízos será encaminhado à Superintendência Regional do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra-RJ). A entidade também solicitou à Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater-Rio) um laudo sobre a situação da região.
"Aqui está chovendo desde sábado à noite, chuva muito forte", comentou Honorato. "Nem caminho para os produtores escoar a produção tem mais. O pessoal que traz a produção de várias fazendas não tem como passar", explicou Honorato.
Campos dos Goytacazes tem dez assentamentos, onde vivem mil famílias. O município é o maior produtor de açúcar e álcool do Rio de Janeiro.