São Paulo, 15/12/2005 (Agência Brasil - ABr) - A temporada cultural do Brasil na França, que se estendeu ao longo deste ano, foi o maior evento já ocorrido naquele país após as comemorações do bicentenário da Revolução Francesa, realizadas em 1989. Com essa afirmação, o embaixador da França no Brasil, Jean De Gliniasty, procurou dimensionar a importância da aproximação franco-brasileira, que se deu com a presença de artistas de várias áreas, intelectuais e outros representantes brasileiros em 161 cidades francesas.
"Essa aproximação permitiu uma visão mais comum do mundo, de questões multilaterais, com resultados espetaculares e importantes para os dois países, não só no que diz respeito aos laços culturais, mas também no sentido de ajudar nas discussões em torno das trocas comerciais", disse Gliniasty.
Ele e o ministro da Cultura, Gilberto Gil, apresentaram hoje um balanço do Ano do Brasil na França, em cerimônia realizada no auditório do Teatro Anchieta do Sesc Consolação, na região central de São Paulo. O ministro da Cultura e da Comunicação da França, Renaud Donnedieu de Vabres, também deveria participar, mas, segundo os organizadores, foi impedido de deixar o país por causa da greve dos artistas franceses.
A ampla divulgação da temporada brasileira na França, ocupando espaço em 15 mil artigos da mídia impressa, 35 edições especiais, mais de 8 milhões de exemplares e mais de 82 programas de TV e de 66 programas de rádio, deu resultado. Segundo o ministro Gilberto Gil, outros países já manifestaram interesse em promover eventos semelhantes.
"Já existem diálogos com a Espanha. Em recente contato com a Itália, também houve o mesmo interesse e, ontem, tivemos notícias de que o Canadá, igualmente, deseja realizar uma temporada. Vamos avaliar", revelou o ministro. Ele informou também que está prevista uma minitemporada de música clássica a partir de 13 de janeiro em Berlim, por conta da realização da Copa do Mundo na Alemanha.
Gilberto Gil lembrou que, desde a visita do presidente Lula à França, em julho, está sendo examinada a possibilidade de realização do Ano Cultural da França no Brasil. Entretanto, Gil disse que isso só seria viável, em 2008, tempo que acredita ser necessário para a organização de um evento desse porte. Para levar seus valores culturais à França, o Brasil investiu R$ 61 milhões, dos quais R$ 20 milhões vieram de promoções do setor privado. A programação incluiu espetáculos de dança, música, palestras, exposições de fotografia, mostras de audiovisual e de cinemas, entre outros itens. Foram 436 eventos, que atrairam público superior a 15 milhões de pessoas, número que Gil considerou "uma proeza".
O representante do Ministério da Cultura no Comissariado Brasileiro do Ano do Brasil na França, Márcio Meira, lembrou que o evento impulsionou a venda de produtos brasileiros e citou dados da Agência de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex) sobre o primeiro trimestre do ano, período em que as importações atingiram R$ 450 milhões. Além de experimentar mercadorias brasileiras, os franceses passaram a ter mais interesse pelo idioma.
Segundo Gilberto Gil, houve aumento de 20% nas matriculas dos cursos de português. Ele destacou também o crescimento de 27% no movimento de turistas franceses rumo ao Brasil. "Em termos de custo/benefício, temos hoje a sensação, pelas estatísticas, de que tudo valeu a pena. Foi um ano muito profícuo", resumiu o ministro.