Estados Unidos pretendem abrir mercados para algodão da África, diz secretário

15/12/2005 - 12h52

Mylena Fiori
Enviada especial

Hong Kong (China) - Os Estados Unidos pretendem abrir seus mercados para o algodão produzido pelos países da África Ocidental sem cobrança de tarifas, segundo o secretário de Comércio, Robert Portman. Ontem (14), ele havia anunciado que os norte-americanos dobrariam a ajuda financeira para a promoção do comércio em países pobres.

Criticado por ter prometido algo que depende de aprovação do Congresso dos Estados Unidos, Portman disse que fez a proposta porque acredita realmente na sua aprovação. Ele também garantiu apoio ao pacote de desenvolvimento - em fase de negociação - que prevê acesso a mercado, livre de tarifas e cotas, aos produtos dos países menos desenvolvidos, com renda per capita ate US$ 750. "Nossa economia é aberta e continuará a ser aberta, mas assumiremos novos compromissos para que os Estados Unidos sejam o maior Mercado dos produtos destes paises", afirmou.

Portman enfatizou que a agricultura é "a chave" para desbloquear a rodada de negociacoes na Organização Mundial do Comércio e disse que, em princípio, concorda com a data de 2010 para a total eliminação dos subsídios à exportação de produtos agrícolas.

Contundo, para fixar uma data, a União Européia exige que sejam identificadas claramente as outras formas distorcidas de apoio às exportações praticadas pelos norte-americanos como, por exemplo, ajuda alimentar e créditos à exportação.

O representante norte-americano disse que concorda que é preciso discutir as distorções provocadas pelos créditos à exportação, mas que os Estados Unidos continuarão oferecendo ajuda aos países pobres em forma de alimentos. "A União Européia diz que a ajuda não pode ser em comida, só em dinheiro. Muitas pessoas no mundo passam fome, porque acabaríamos com nossa ajuda alimentar?", indagou.

Atualmente, o G20, grupo liderado pelo Brasil e pela Índia, está mobilizado para aproximar diferentes grupos de paises em desenvolvimento em torno das negociações comuns na Organização Mundial do Comércio, principalmente no combate aos subsídios à exportação de produtos agrícolas que distorcem o comércio internacional.