Coleta e análise de dados da região amazônica podem ser feitas com ajuda de robôs

15/12/2005 - 11h36

Nielmar de Oliveira
Enviado especial

Manaus - Em exposição nos salões do 1° Congresso Internacional Piatam (Potenciais Impactos e Riscos Ambientais da Indústria do Petróleo e Gás na Amazônia), os robôs do projeto Cognitus (Ferramentas Cognitivas para a Amazônia, uma das vertentes do Piatam) chamam a atenção principalmente das crianças que visitam o Studio 50, onde se realiza o encontro.

Na busca da compreensão do ecossistema amazônico e suas várias e diversificadas complexidades, os robôs trabalham em meio a uma área de cerca de 370 quilômetros quadrados próximos às nove comunidades ribeirinhas abrangidas pelo projeto Piatam. Eles ajudam na coleta de dados sobre a região, facilitando a tomada de decisões e a análise das informações.

Criados com o objetivo de constituir um novo parâmetro de produção cientifica, reconstruindo os fundamentos gerais dessas atividades, os cinco robôs do programa têm como um de seus principais desafios estudar detalhadamente as séries históricas da variação do ciclo hidrológico dos rios Negro e Solimões – que chegam a subir 14 metros entre os períodos de seca e cheia.

Além do mapeamento das séries históricas, as pesquisas desenvolvidas poderão incorporar a sazonalidade amazônica nos mapas de sensibilidade já existentes e sinalizar os ecossistemas a serem protegidos em caso de acidentes com derramamento de óleo.

Os 1.200 inscritos no congresso conheceram, por exemplo, Robô Ambiental Híbrido, uma espécie de veículo tripulado ou teleoperado capaz de se deslocar nos mais diferentes tipos de solo, desviar de obstáculos e cumprir ordens enviadas remotamente. "Ele será um braço avançado do homem em áreas ainda inacessíveis da floresta e tem um conjunto de sistemas mecânicos, elétricos, computacionais e de comunicação", informa Wagner Garcia, coordenador do Cognitus.

Também estarão expostos os robôs Kwata, que prevêem a dinâmica de manchas de petróleo e a sensibilidade ambiental de habitats aquáticos no sistema fluvial entre Coari e Manaus. São quatro modelos: o Kwata Picture (fotografa e filma), o Kwata Temp (mede temperatura), o Kwata Limnológico (mede nível dos rios) e o Kwara Eros (mede a alteração do nível do solo erodido ou com deposição de terreno). A previsão é a de que dez robôs estejam em atividade até 2006.

Em setembro, o Robô Ambiental Híbrido superou a expectativa dos pesquisadores do laboratório de robótica do Cenpes/Petrobras. Semelhante a um carrinho de controle remoto, o robô foi testado no Rio Solimões e conseguiu atravessar a correnteza e os manguezais, entre outros obstáculos.