Juliana Andrade
Repórter da Agência Brasil
Brasília – O vice-presidente da República e ministro da Defesa, José Alencar, disse que considera correta a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central de reduzir a taxa básica de juros (Selic) de 18,5% para 18% ao ano. Alencar afirmou, no entanto, que os juros ainda permanecem "elevadíssimos", mas que a tendência é de que a taxa continue baixando.
"A tendência é de queda, porque precisamos passar a conviver com juros compatíveis com as taxas vigentes no mercado internacional, mas mesmo assim essas taxas ainda estão elevadíssimas". Segundo o vice-presidente, os juros reais praticados no Brasil estão em torno de 12,5%. "A taxa básica de 40 países, a média dessa taxa básica real, é um décimo da taxa básica que nós praticamos. Então, se ela é um décimo, a nossa deve estar errada, não é possível, não precisa ser especialista para saber isso", completou.
José Alencar deu as declarações em entrevista à imprensa após solenidade de entrega da ordem do Mérito da Defesa, no Grupamento dos Fuzileiros Navais de Brasília. Para ele, o percentual adequado da taxa Selic tem que ser o" nível de mercado" e é preciso chegar a um patamar que permita mais investimentos. "Enquanto as atividades produtivas não puderem remunerar os custos de capital, não pode haver investimentos como o Brasil precisa e pode, porque o potencial brasileiro permite muito mais investimento".
Na avaliação do vice-presidente, a taxa de juros "como inibidora do consumo é inócua para dois terços da população". Segundo ele, essa parcela dos brasileiros consome apenas o que é essencial. "Então, não tem como achatar o consumo de quem consome o essencial", observou. "Eu me bato contra isso, não me bato contra o Copom. O Copom é um grupo de técnicos, que, obviamente, toma decisões embasadas numa política de metas de inflação", finalizou.