Polícia do Rio reforça ocupação de favelas próximas ao local do incêndio do ônibus

01/12/2005 - 19h58

Rio, 1/12/2005 (Agência Brasil - ABr) - A Polícia Militar reforçou o esquema de ocupação, por tempo indeterminado, nas favelas do Quitungo e da Fé, próximas ao local onde, na noite de terça-feira (29), um grupo de pessoas incendiou um ônibus, provocando a morte de cinco pessoas e ferimentos em mais 15. O incidente foi na Penha, subúrbio do Rio.

Hoje (1), o comandante geral da Polícia Militar, coronel Hudson de Aguiar, fez uma vistoria nas favelas, acompanhado dos comandantes de seis batalhões da PM. Além do efetivo que já está no local, serão deslocados mais de 50 policiais para as duas favelas.

Para o coordenador do Movimento Viva Rio, Rubem Cezar Fernandes, como em qualquer guerra, a travada contra o tráfico de drogas também tem limites. Isso, segundo ele, explica o fato de quatro homens terem sido mortos por participação no incêndio. Dois deles foram reconhecidos, segundo a polícia, por sobreviventes do ataque ao ônibus.

A Secretaria de Segurança Pública do estado investiga a possibilidade da ordem de morte dessas quatro pessoas ter partido de traficantes presos na Penitenciária de Bangu I, na zona oeste do Rio. Rubem Cezar descartou, no entanto, que os traficantes estejam substituindo a ação dos policiais. "Não ocupam o papel da polícia. Claro que um ato muito 'espetaculoso' atrai problemas. No caso desse pessoal, a linguagem não é prender, é matar. Uma coisa é a polícia, e outra é o bandido", afirmou.

O sociólogo e professor do Laboratório de Análise da Violência da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) Ignácio Cano disse que está havendo no Rio uma escalada da violência com a banalização da vida. "É mais um sintoma de que a violência na cidade é cada vez mais irracional e que rompe limites", completou.

Para o professor, a ocupação das favelas pela polícia tem duas funções: dar mais visibilidade à resposta do poder público e um custo econômico aos traficantes da área, que ficam impedidos de comercializar as drogas.