Thaís Brianezi
Repórter da Agência Brasil
Santarém (Pará) - "Esse prêmio veio em boa hora, para um ano tão difícil", comemorou o secretário-executivo da Fundação Vitória Amazônica (FVA), Carlos Durigan. A fundação foi vencedora da categoria organização não-governamental (ONG) da 4ª Edição do Prêmio Chico Mendes de Meio Ambiente, cujo resultado foi divulgado hoje (1º) pela ministra Marina Silva. "Os prêmios nos ajudam a dar mais visibilidade para a causa. É impressionante o quanto a Amazônia ainda é pouco conhecida, mesmo no Brasil", declarou.
A FVA é uma organização não-governamental brasileira com sede em Manaus, fundada em 1990. Atua na bacia do Rio Negro, principalmente no Parque Nacional do Jaú e seu entorno (municípios de Barcelos e Novo Airão, no Amazonas). Os parques nacionais são unidades de proteção integral (nas quais não pode haver moradores). O do Jaú foi criado em 1980 e tem 2,27 milhões de hectares, onde ainda vivem 272 famílias. Com apoio da fundação, em 2002 elas se organizaram na Associação de Moradores do rio Unini (Amoru).
Em 15 de maio deste ano, a Amoru conseguiu que o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) realizasse uma consulta pública, na qual os moradores decidiram pela criação da reserva extrativista que ocupará uma área de 870 mil hectares, ao lado do Parque Nacional do Jaú. As reservas extrativistas são unidades de uso sustentável, modelo que permite a existência de habitantes. Além de proteger os peixes da pesca esportiva e comercial predatórias, o objetivo da criação da Resex é garantir que as famílias tenham uma área natural para morar, caso sejam obrigadas a deixar o parque.
A FVA trabalhou também na elaboração de um acordo de pesca para o rio Unini, que está em seu segundo ano de vigência. "Com o acordo, os conflitos com os empresários da pesca diminuíram", comemorou o presidente da Amoru, João Evangelista de Souza, que aguarda a publicação do decreto de criação da reserva, previsto para até janeiro pelo coordenador regional do Centro Nacional de Populações Tradicionais (CNPT) do Ibama, Leonardo Pacheco.
Outro resultado do trabalho da FVA foi o surgimento da Associação de Artesãos de Novo Airão (Aana), em 1996. São 27 famílias que produzem cestas, tapetes, bolsas e chapéus com a fibra do arumã, planta que nasce na beira dos igarapés. Com a venda da produção, cada família obtém de R$ 200 a R$ 300 por mês, segundo a tesoureira da Aana, Elzilene Barbosa da Silva.
Carlos Durigan, João Evangelista de Souza e Elzilene da Silva participam em Santarém da Oficina de Experiências no Manejo de Recursos Naturais em Várzea e Igapós, promovida pelo projeto Manejo dos Recursos Naturais da Várzea (ProVárzea/Ibama) e pelo projeto Manejo Integrado da Biodiversidade Aquática e dos Recursos Hídricos na Amazônia (Aquabio), do Ministério do Meio Ambiente.