Luciana Vasconcelos e Marcos Chagas
Repórteres da Agência Brasil
Brasília - O mandato de José Dirceu (PT-SP) na Câmara dos Deputados foi cassado nesta madrugada por 293 votos. Dirceu teve 192 votos contra a sua cassação. Houve ainda oito abstenções, um voto branco e um nulo. Com a decisão, o ex-deputado só poderá candidatar-se em 2016, já que em 2015, quando recupera os direitos políticos, não haverá eleição.
Presidente do Partido dos Trabalhadores por oito anos e deputado federal por três mandatos, Dirceu foi o coordenador da campanha vitoriosa de Luiz Inácio Lula da Silva à presidência. No governo, ocupou por 30 meses o cargo de ministro-chefe da Casa Civil.
Em agosto, o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) entrou com processo pedindo sua cassação por quebra de decoro parlamentar. O PTB o acusava de, quando no governo, comandar uma operação de compra de votos no Congresso Nacional em troca de apoio a projetos do governo federal. Dirceu nega ter existido o esquema, chamado de "mensalão". "Não sou chefe do 'mensalão', jamais propus compra de votos. Esta Casa está me julgando e também está se colocando em julgamento. Não é verdade que essa Casa votou reformas por compra de votos", afirmou em discurso na Câmara, antes de ser cassado pelos seus colegas de Parlamento.
Durante o discurso, Dirceu disse ainda que pretende continuar na vida política. "Eu não vou me dobrar, não vou cair, vou continuar lutando de maneira simples e humilde, sem as condições que tem um parlamentar ou um dirigente político. Vou ter que refazer a minha vida durante cinco, dez anos", afirmou.
O plenário referendou decisão do Conselho de Ética que por 13 votos a um havia aprovado o parecer do deputado Julio Delgado (PSB-MG) a favor da cassação do ex-ministro da Casa Civil. No lugar de Dirceu, quem assume o mandato até o fim da atual legislatura é a deputada Mariângela Duarte (PT-SP).