Em livro que pretende lançar, Dirceu promete só não revelar ''segredos de Estado''

01/12/2005 - 17h37

Iolando Lourenço e Juliana Cézar Nunes
Repórteres da Agência Brasil

Brasília - Entre os planos para os próximos dias do ex-deputado e ex-ministro José Dirceu está uma longa conversa com o jornalista e amigo Fernando Morais. Serão pelo menos 10 dias de bate-papo gravado. Autor de biografias como as de Olga Benário Prestes e Garrincha, Morais usará a entrevista para escrever um livro que já tem nome provisório: Trinta Meses na Casa Civil.

"Não será um livro chapa-branca, nem o Fernando Morais aceitaria isso. Espero que o livro saia logo, porque já não tenho mais salário", brincou o deputado cassado ontem (30). "No livro, quero falar sobre os erros que cometi e sobre os erros e limitações que o governo deve reconhecer, até mesmo para pedir um novo mandato. Com certeza não vou revelar nenhum segredo de Estado. Será um livro para ajudar o Brasil a repensar o Brasil."

O ex-ministro da Casa Civil deu entrevista coletiva hoje, na Câmara dos Deputados, 14 horas depois de ter o mandato cassado pelo plenário da casa. Vários parlamentares do PT foram à sala cumprimentar Dirceu, que desde a noite passada recebeu inúmeras ligações de solidariedade. À tarde, na entrevista à imprensa, agradeceu o apoio do presidente Lula, que ligou para ele pouco antes da votação no plenário para desejar boa sorte.

"Ele disse ao país que eu era inocente, mas manteve a postura de estadista e não procurou influir no meu processo. Não sou corrupto. Tenho as mãos limpas", afirmou Dirceu, que prometeu trabalhar em uma possível campanha do presidente Lula apenas como cidadão e filiado ao PT. "Não espero voltar ao poder. Não acredito que voltarei a cumprir o mesmo papel. Zero de possibilidade de eu voltar a participar do governo. Não acredito que alguém me convidaria."