Stênio Ribeiro
Repórter da Agência Brasil
Brasília – Especialistas do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central avaliam que existe espaço para juros reais menores no futuro, uma vez que as metas da inflação estão se consolidando e há redução progressiva da percepção de risco. Essa é a avaliação exposta na ata da reunião que o comitê realizou na semana passada, quando reduziu a taxa básica de juros (Selic) de 19% para 18,5% ao ano.
A ata diz também que os resultados recentes da inflação e as projeções de preços realizadas pelo Banco Central e analistas do mercado sugerem que a política monetária "vem contribuindo de maneira importante para conter as pressões inflacionárias". A meta inflacionária do governo para 2005 é de 5,1%, pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).
As afirmações são anteriores à divulgação, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de que a economia brasileira teve retração de 1,2% no terceiro trimestre do ano. Fato que os economistas atribuem à "excessiva alta dos juros", como afirmou ontem (29) o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Armando Monteiro Neto.
Divulgada hoje (1) pelo Banco Central, a ata do Copom diz que a atividade econômica deverá se recuperar nos próximos meses e continuar a expansão, em "ritmo condizente com as condições de oferta", de modo a não pressionar a inflação. Em outras palavras: a autoridade monetária receia que o crescimento gere aumento de consumo, e este impulsione correções de preços para cima.
O documento do Copom destaca, porém, que a despeito da instabilidade dos preços do petróleo, que continuam em níveis elevados no mercado internacional, "o cenário externo permanece favorável"; particularmente quanto às perspectivas de financiamento para a economia brasileira. Portanto, se configura um "cenário benigno" para a evolução da inflação, de acordo com o colegiado de diretores do BC.