Câmara vive ''ressaca'' depois da cassação de Dirceu

01/12/2005 - 12h48

Luciana Vasconcelos e Marcela Rebelo
Repórteres da Agência Brasil

Brasília – O clima hoje (1) na Câmara Federal, após a cassação do mandato de José Dirceu, é de "ressaca", avalia o companheiro de partido do ex-ministro da Casa Civil deputado Maurício Rands (PT-PE). Para ele, foi feito um julgamento político, uma vez que não havia provas contra Dirceu. "Não foi um dos momentos mais felizes desta Casa. O instrumento de mandato popular faz parte da instituição da democracia e só deve ser suprimido quando houver provas cabais", afirmou.

Até a oposição considera que a cassação, mesmo que necessária, não merece ser comemorada. "Ninguém pode sair comemorando, ninguém pode ficar feliz. É o tipo da coisa que se faz por dever", disse o deputado Antônio Carlos Magalhães Neto (PFL-BA). O deputado Júlio Delgado (PSB-MG) – que foi relator do processo de Dirceu no Conselho de Ética e recomendou a cassação do ex-ministro da Casa Civil – é da mesma opinião. "Pedir a perda do direito político por oito anos e a perda de um mandato de um parlamentar que o conquistou no voto popular nunca é satisfatório, não há o que se comemorar disso".

O presidente da Câmara, deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP), não quis comentar o resultado. Disse que, como presidente, não poderia deixar que sentimentos e emoções prevalecessem sobre as suas atribuições.