Marcos Chagas
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O relator da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bingos, senador Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN), disse, hoje, que pedirá o indiciamento do advogado Valter Santos Neto, sócio da empresa MM Consultoria, caso ele não comprove a sua "compulsão" por gastar dinheiro com "frivolidades".
Santos Neto afirmou à CPI que não tem como comprovar os gastos de R$ 1,2 milhão, de um total de R$ 5 milhões que recebeu da empresa GTech. A multinacional de origem norte-americana teria pago a ele esse dinheiro a título de honorários por ele haver impedido que outra empresa a substituísse em contrato com a Caixa Econômica Federal para operação do sistema eletrônico que conecta as casas lotéricas de todo o Brasil com o banco federal.
Segundo Garibaldi Alves, Santos Neto praticamente repetiu o que disse em seu primeiro depoimento, quando irritou os parlamentares da comissão ao afirmar que havia gasto o dinheiro com mulheres, bebidas e viagens.
O advogado disse aos parlamentares que está sob tratamento psiquiátrico por causa de uma compulsão de gastar. Foi esse argumento que ele deu aos parlamentares da CPI para justificar ter guardado, em dinheiro vivo, R$ 1,2 milhão em sua casa e no seu escritório. O relator Garibaldi Alves não descartou a possibilidade de a CPI solicitar análise de uma junta médica sobre a "insanidade mental" alegada pelo depoente.
A suspeita da comissão é que o dinheiro dado pela Gtech a Santos Neto tenha servido para o pagamento de propina a pessoas que teriam facilitado a renovação de contrato da empresa com a Caixa, no início de 2003.