Delegado e promotor divergem sobre testemunho de suspeito no caso Celso Daniel

14/11/2005 - 19h33

Bruno Bocchini
Repórter da Agência Brasil

São Paulo – Elcyd Oliveira Brito, um dos acusados de participação no assassinato do ex-prefeito de Santo André (SP) Celso Daniel, mudou sua versão sobre o crime ocorrido em 2002. Na época, as investigações concluíram que a morte havia sido um crime comum. Mas Elcyd enviou carta em que afirmava que o assassinato tinha sido encomendado por Sérgio Gomes da Silva, conhecido como Sombra.

Hoje, em depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bingos, Elcyd confirma ter escrito a carta, mas diz que seu conteúdo não é verdadeiro. O suspeito confirma agora que a morte do prefeito foi um crime comum. O depoimento foi dado hoje (14) ao senador Eduardo Suplicy (PT-SP), que está na capital paulista representando a comissão.

Edson Santi, delegado da Polícia Civil, diz que Elcyd pode ter tentado reduzir sua pena ao afirmar que o assassinato era um crime encomendado. Segundo o delegado, que conduziu as investigações em 2002, Elcyd pode ter tentado induzir a Justiça a acreditar que havia outros culpados. Com isso, o suspeito poderia ganhar o benefício da delação premiada – recurso judicial em que o acusado tem sua pena reduzida se denuncia os seus comparsas.

Já o promotor Amaro José Tomaz Filho, responsável pelo caso no Ministério Público, comenta que Elcyd pode ter alterado sua versão por medo de represálias. Elcyd é o quarto acusado a depor hoje à CPI dos Bingos. Mais três depoimentos deverão ocorrer durante a noite.