Márcia Wonghon
Repórter da Agência Brasil
Recife - A elaboração de novas estratégias para conservação dos recursos naturais, a partir do conhecimento popular, será debatida de amanhã (8) até sexta feira (11) na capital pernambucana por pesquisadores e estudantes das áreas de ciências naturais e ciências sociais de universidades brasileiras.
O debate é promovido pela Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), em parceria com a Sociedade Brasileira de Etnobiologia e Etnoecologia. A instituição foi fundada em 1996, com a intenção de contribuir para que o Brasil pudesse adotar modelos de desenvolvimento sócio-econômico-ambiental com base no respeito ao conhecimento dos povos que exploram a natureza de forma sustentável. Entre os conferencistas estão pesquisadores do Rio Grande do Sul, São Paulo, Bahia e Maranhão.
De acordo com o professor do Departamento de Biologia da UFRPE, Ângelo Alves, do encontro vai resultar um documento com propostas sobre a importância de valorizar o saber das comunidades que usam, mas preservam, os recursos naturais como a pesca artesanal e a agricultura familiar. "A idéia é incorporar o conteúdo das discussões à proposta de lei 967/1988, que tramita no Congresso Nacional e regula os estudos com recursos biológicos, aos quais esses povos estão diretamente relacionados".
Por meio de observação, os especialistas da UFRPE constataram que o senso de conservação da natureza das populações tradicionais é diferente da empregada pelos pesquisadores. Eles dizem que enquanto os cientistas extraem da natureza o material para análises e uso comercial sem se preocupar com o esgotamento, os povos tradicionais usam a matéria prima de forma sustentável.
A disciplina etnoecologia existe na Universidade Federal Rural de Pernambuco desde 1997, como parte integrante da grade curricular do curso de Ciências Sociais.