Lourenço Melo
Repórter da Agência Brasil
Brasília – A Companhia Vale do Rio Doce terá que discutir com os índios xikrins a renovação do acordo que permite a empresa continuar a extrair minérios da reserva indígena. A renovação do acordo anual dos índios, que vivem na área do Projeto Carajás, em Marabá, no Pará, com a Vale do Rio Doce vai ser discutida no dia 5 de dezembro próximo. A reunião contará com a presença da Fundação Nacional do Índio, de membros do Ministério Público e da Associação Indígena Bepnoi, que administra os recursos investidos na comunidade Xikrin, composta por cerca de mil pessoas.
A Administração Regional da Funai de Marabá quer fazer também outras reuniões até o dia 9 de dezembro para discutir com a Vale os interesses de outras quatro comunidades indígenas do Pará e do Maranhão, que também recebem apoio anual da empresa desde a sua privatização.
O advogado Romualdo José Oliveira da Silva, da Associação Indígena Bepnoi, situada em Marabá, reclama que a companhia mineradora propôs para 2006 a aplicação na comunidade dos xikrins de R$ 5,78 milhões, quando neste ano foram destinados R$ 6 milhões. "Isso deixou a comunidade indígena revoltada, pois sua população está aumentando e precisaria de valor superior ao aplicado neste ano". Tanto a Funai quanto o advogado, negam que os xikrins tenham "invadido" a vila de servidores da Companhia Vale do Rio Doce, no núcleo residencial do Projeto Carajás, no sul do Pará, conforme divulgado pela mídia.
Oliveira disse que "não houve radicalização" e que os índios fizeram uma manifestação num bosque, nas imediações da vila, defendendo negociação com a Companhia Vale do Rio Doce. "Eles não estavam invadindo nada, pois estavam em suas próprias terras", disse o advogado.
O administrador regional da Funai em Marabá, Eimar Araújo, conseguiu nesta quinta-feira convencer os índios a voltar à aldeia, alegando que a reunião deles com a Vale já estava marcada para o dia 5 de dezembro. Ele disse que não foi possível antecipar essa data, pois está envolvido com muitos outros problemas ligados à terra no estado.
A empresa distribuiu nota nesta semana informando que pretende continuar dando apoio educacional, de saúde, de infraestrutura e de proteção da terra aos cinco povos indígenas que ficam em áreas de mineração que explora no Pará e no Maranhão, mas "sempre em harmonia com os objetivos da Fundação Nacional do Índio" para essas comunidades.
A empresa disse que "há alguns anos os índios xikrins chegaram a pedir um avião e carros de luxo", e atribui o pedido de mais dinheiro pela comunidade "à exploração de que os indígenas são vítimas no comércio de Marabá, onde muitos deles estão endividados".