Márcia Wonghon
Repórter da Agência Brasil
Recife – A superintendente do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) em Pernambuco, Maria de Oliveira, defendeu a ação federal no estado para conter a violência no campo. "Seria uma ação mais presente do governo no sentido de garantir a distribuição de terras com respeito aos direitos humanos".
Ela pediu mais rapidez na punição aos culpados pelo assassinato de dois trabalhadores rurais nos últimos quatro dias. "Pernambuco tem problemas históricos de conflitos agrários por causa da concentração de riquezas nas mãos de poucos, que utilizam milícias armadas para garantir o domínio dos latifúndios".
O coordenador do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Antônio José dos Santos, foi assassinado com 14 golpes de faca na cabeça e no tórax, quando retornava de uma comemoração pela imissão de posse da fazenda Malhada dos Cavalos, onde 45 famílias vivem acampadas. Na última quinta-feira, também foi assassinado em Itaíba o coordenador regional do Movimento de Libertação dos Sem Terra (MLST), Anilton Martins da Silva.
Representantes de movimentos sociais, do Banco do Nordeste, da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), da secretaria estadual de Justiça e deputados estaduais se reuniram hoje e discutiram estratégias para conter os conflitos no campo.
O trabalhador Ernandi Martins, do MLST - tio de Anilton Martins - assassinado na última quinta-feira no município de Itaíba, afirmou que está recebendo ameaças de morte por telefone. "Eles dizem que vão estourar meus miolos".
Dados do Incra indicam que, desde o início do ano, seis trabalhadores foram assassinados em Pernambuco por questões ligadas à luta pela posse da terra.