Marcos Chagas
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O ex-assessor do Ministério da Cultura Roberto Costa Pinho disse hoje (31), na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) da Compra de Votos que recebeu R$ 300 mil, em quatro parcelas, do ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares. O dinheiro foi pago entre 23 de setembro de 2003 e 11 de fevereiro de 2004, por meio de saques na agência do Banco Rural de Brasília, e, segundo Costa Pinho, fazia parte da antecipação de "um contrato de boca" feito com Delúbio pelo qual ele realizaria pesquisas pré-eleitorais em 25 cidades de médio porte durante o ano de 2004.
Ele afirmou que o acerto foi feito durante um encontro com Delúbio Soares no Hotel Blue Tree Park, em Brasília. Costa Pinho disse que pediu R$ 700 mil pelo trabalho. Na época, ele já trabalhava como assessor especial do ministro da Cultura, Gilberto Gil. O empresário Marcos Valério de Souza disse que pagou ao ex-assessor do Ministério da Cultura R$ 450 mil, entre 15 de setembro de 2003 e 10 de fevereiro de 2004.
Demitido por Gilberto Gil em fevereiro de 2004, por conta de supostas irregularidades que teriam sido cometidas no programa Cidade Aberta, Costa Pinho disse que jamais realizou o serviço contratado, uma vez que teve problemas de saúde que inviabilizaram o trabalho. Segundo ele, o dinheiro também não foi devolvido a Delúbio Soares.
"Em maio de 2004, recebi um telefonema da secretário do Delúbio. Ela disse que ele tinha acompanhado a minha situação e mandado dizer que não me preocupasse, porque não faltaria oportunidade para prestar serviços ao PT", acrescentou. Perguntado sobre o que tinha feito do dinheiro, ele afirmou: "sobrevivi dele nestes últimos 20 meses".
Costa Pinho, que em 2002 prestava serviços à prefeitura de Ribeirão Preto, quando da gestão de Antonio Palocci, disse que ajudou a articular a indicação de Gil, de quem era amigo há 40 anos, para o cargo de Ministro da Cultura. "Alguns amigos de Gil trabalharam na campanha de Lula. Tendo ele ganhado as eleições, sugerimos que Gil seria um grande nome para a Cultura. Sugeri isso ao Palocci", disse o ex-assessor do Ministério da Cultura.