Para lembrar as 29 vítimas da chacina na Baixada Fluminense, 29 propostas para combater a violência

30/09/2005 - 13h00

Norma Nery
Repórter da Agência Brasil

Rio - A aprovação pelo Congresso Nacional do Fundo Nacional de Amparo às Vítimas de Violência e a reformulação do método de treinamento, seleção e currículo de formação de policiais com base no cidadão estão entre as 29 propostas para acabar com a violência na Baixada Fluminense. Elas estão reunidas no livro Impunidade na Baixada Fluminense, que está sendo pré-lançado hoje (30), no Centro de Direitos Humanos de Nova Iguaçu, para marcar os seis meses da Chacina da Baixada Fluminense, ocorrida em 31 de março.

O processo sobre a chacina está em fase de tomada de depoimentos para que a promotoria do Tribunal do Júri conclua o sumário de acusação de 11 policiais militares apontados como responsáveis pelo crime.

O livro, que está em fase de edição, é resultado de uma parceria entre várias instituições da sociedade civil e se baseia nos depoimentos de familiares das 29 vítimas da chacina e com os integrantes do Fórum Reage Baixada. Relatos sobre exclusão social, omissão de órgãos públicos, casos de violência e impunidade deram origem aos capítulos que foram escritos por cada uma das instituições envolvidas, como o Laboratório de Análises da Violência da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), o SOS Queimados e a Justiça Global.

O coordenador do grupo SOS Queimados, Ismael Lopes, disse que a instituição foi responsável pela reunião das propostas que fecham o livro, como formar de homenagear as vítimas da chacina. "As 29 propostas foram uma forma de contraponto às 29 mortes da chacina e são principalmente voltadas para o governo do estado. Queremos policiais bem treinados e bem pagos sim, mas que respeitem e dialoguem com o cidadão", afirma.

Amanhã, grafiteiros juntarão jovens e crianças para a criação coletiva de painéis sobre a realidade da região, embalada ao som de cantores de rap. A ação será realizada no bairro Campo da Banha, em Queimados, onde ocorreu a maioria das mortes, e é promovida pela Associação de Familiares e Amigos das Vítimas da Violência da Baixa Fluminense (Afaviv) em parceria com a Aliança Hip Hop Sim e com o apoio da Frente Brasil Sem Armas.

A presidente da Afaviv, Kátia Cristina, explicou que o evento pretender dar esperanças aos jovens do Campo da Banha. Ela perdeu na Chacina um primo e um irmão de 15 anos de idade. " Muitos jovens foram no meio dessa chacina. Jovens que queriam demonstrar alguma coisa e os jovens da Baixada não têm essas coisas de arte. Depois da chacina, o bairro ficou esquecido. Nem as crianças brincam mais na rua à noite. E a gente tá querendo voltar ao que fazia antes", afirmou.