Marcela Rebelo
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O secretário nacional da Agricultura Familiar, Valter Bianchini, considera a Feira Nacional de Agricultura Familiar e Reforma Agrária é uma oportunidade da sociedade conhecer o que se produz no país. "É um momento de fazer uma ponte entre tudo isso que a agroindústria familiar está produzindo e as populações urbanas para mostrar os produtos orgânicos, naturais, coloniais – tudo aquilo feito de um modo muito artesanal e especial", afirmou o secretário.
Vários expositores recebem crédito do Programa Nacional de Apoio a Agricultura Familiar (Pronaf) do Ministério do Desenvolvimento Agrário. "São créditos que vão desde 50% de subsídio aos assentados até um juro de 7% ao ano para aquele agricultor do grupo mais capitalizado. Há crédito especial para mulheres agricultoras e para jovens. O crédito atende projetos dos agricultores nas diferentes formas de produção e agregação de renda", disse Valter.
Até domingo (2), a feira reúne cerca de 500 expositores, entre agricultores familiares, assentados da reforma agrária, indígenas e quilombolas no Pavilhão de Exposições do Parque da Cidade, em Brasília.
A artesã Teresinha Carvalho da Silva, que participa da coordenação de uma cooperativa de pescadores da Ilha da Pintada, em Porto Alegre (RS), é uma das expositoras. Ela revelou que 22 pescadoras, mulheres e filhas de pescadores, produzem bijuterias com escama de peixe. "Toda a escama ia para o lixo e hoje a gente tá buscando transformar isso em luxo", afirmou Teresinha. Segundo ela, as escamas passam por um processo de limpeza e de tintura com ervas naturais para então serem transformadas em brincos e colares ou aplicadas em roupas.
Valdelice Souza, artesã de uma associação de mulheres de Valente (BA), está vendendo na feira panos de prato e colchas com aplicações em retalho – técnica ensinada por uma designer de Salvador às mulheres da cooperativa. Ela explica que, em uma dessas colchas, as artesãs quiseram repassar em figuras de retalho a história da cidade.
"Valente antes de ser cidade, era só caatinga. Então, passando uma boiada, um boi se desgarrou. Ele era tão valente, que se perdeu na catinga. Depois de muitos dias de perseguição, ele se atirou em um tanque de pedra e lá ele veio a morrer, mas não se entregou. E o povo passou a chamar tanque do boi valente", contou. Segundo ela, a partir daí começaram a construir casas na região, que ganhou o nome de Vila de Valente. Na colcha, que está sendo vendida por R$ 260, as mulheres bordaram o touro Valente.
Além de produtos artesanais, os expositores vendem comidas e bebidas típicas. Quem for à Feira também poderá assistir a shows musicais, leitura de poemas, exposição de arte primitiva, mostra de curtas-metragens e desfile de moda com peças criadas por artesãs da Bahia e de Minas Gerais. A programação da feira pode ser acessada no site do Ministério do Desenvolvimento Agrário, no endereço eletrônico: www.mda.gov.br.