Cota para alunos de escolas públicas na Universidade corrige injustiça histórica, diz Haddad

30/09/2005 - 19h01

Danielle Coimbra
Da Agência Brasil

Brasília - Em debate promovido hoje (30) pelo Ministério da Educação sobre a implantação do sistema de cotas para alunos de escolas públicas nas universidades, o ministro Fernando Haddad informou que uma injustiça histórica será corrigida quando o projeto de lei for aprovado.

O anteprojeto da reforma universitária estabelece que em 10 anos as universidades garantam 50% das vagas no vestibular a esses alunos, mas o Congresso Nacional entende que esse prazo deve ser de no máximo quatro anos.

"Alunos que por frações de pontos ficavam fora das universidades, com muito mais dificuldades de chegar na universidade do que outros, que por décimos recebiam aquela vaga, com facilidades que não são universais, agora poderão nutrir o sonho de ingressar na universidade publica", disse Haddad. Segundo ele, os dados demonstram que essa fração de pontos mostra que o desempenho dos alunos das escolas públicas "é satisfatório, ou mais, para justificar a presença deles nas universidades federais".

No debate, o reitor da Universidade Federal da Bahia, Naomar Monteiro de Almeida Filho, apresentou os resultados obtidos com a implantação do sistema de cotas. Segundo ele, no último vestibular o número de aprovados cotistas nos cursos de Teatro e Desenho foi superior ao dos não-cotistas. "Temos que nos estruturar para aqueles que são a razão da universidade", disse.

Dentre os resultados, ele apontou que 45% das vagas do vestibular já são destinadas à cota e que desse percentual, 2% são para índios e quilombolas, e 43% para alunos de escolas públicas. Numa comparação entre 1998 e 2005, o reitor mostrou que no primeiro ano 29,5% dos alunos eram provenientes de escolas públicas e que hoje esse percentual subiu para cerca de 50%. Já a porcentagem de negros, que era de 6,7%, hoje chegou a 56%. "Nosso desafio atual é a permanência desses alunos. O sucesso deles será o nosso sucesso", acrescentou.