Conheça alguns dos mais de 500 participantes da feira da agricultura familiar e da reforma agrária

30/09/2005 - 14h51

Ivan Richard
Da Agência Brasil

Brasília - Mais de 500 expositores estão participando da segunda edição da Feira Nacional de Agricultura Familiar e Reforma Agrária. São agricultores familiares, assentados da reforma agrária, pescadores artesanais, extrativistas, indígenas e quilombolas que poderão vender seus produtos no Pavilhão de Exposições do Parque da Cidade, em Brasília, até o próximo dia 02.

"A feira está muito bonita e organizada. É necessário que o governo faça essa mobilização para incentivar as pequenas agroindústrias, que são todas oriundas da agricultura familiar. A feira é muito salutar e necessária e faz com que agricultura familiar cresça e se desenvolva cada vez mais", disse o expositor Jaime Macari, que veio de Francisco Beltrão (PR) e produz lingüiça e salame suíno. Ele espera faturar cerca de R$ 4 mil até o último dia da exposição.

O produtor rural Manoel Muller, acredita que a feira pode melhorar a situação do país. Muller, que veio de São Martinho (RS), há 30 anos vende rapadura de amendoim e desde os 10 anos trabalha na roça. Ele contou que deixou de estudar para trabalhar. Hoje, com 71 anos, acredita que a rapadura é a responsável por sua boa saúde. "Têm muitos com a minha idade que estão fracos. Ela é o segredo", afirmou.

Outro que ressalta a importância da Segunda Feira Nacional de Agricultura Familiar e Reforma Agrária, é o produtor de São José da Matelândia (PR), Egon Krankel. Para ele, que trouxe à feira mel, geléia, doces biscoitos e pimentas, o espaço é importante porque os produtos dos pequenos agricultores passam a ser conhecidos. "Os produtos da pequena agroindústria não são conhecidos porque não têm divulgação. Essa exposição para nós ‘é uma mão na roda’. O importante da feira não vai ser ganhar dinheiro, mas a divulgação dos nossos produtos", destacou. Krankel disse ainda que, com a agricultura familiar, ele consegue manter a família e ainda gerar empregos.

Para a produtora de extrato de tomate Maria Estela Fonseca, a feira é uma experiência muito boa. "A gente aprende muito com a troca de experiência e o contato com as outras pessoas", disse. Ela mantém a receita do extrato de tomate desde a época dos seus bisavós. "Essa receita é centenária, até fiz uma homenagem a minha família colocando no rótulo do produto uma foto deles", brincou.

O ministro do Desenvolvimento Social e Reforma Agrária, Miguel Rossetto, definiu o evento como "um grande espaço de apresentação dos produtos, dos trabalhos da agricultura familiar e dos assentamentos da reforma agrária. Ela se constitui, portanto, numa amostra da força econômica da agricultura familiar e da reforma agrária no Brasil".

De acordo com Rossetto, a agricultura familiar produz muito, 10% do PIB (Produto Interno Bruto)brasileiro, e é o resultado desse trabalho que assegura a produção de alimentos diretamente nos supermercados para a população. "Ela é um espaço também para a discussão das políticas públicas, das políticas agrícolas, das políticas de financiamento, organização e produção, um espaço de troca de experiências onde nós realizamos seminário e palestras para qualificar as nossas políticas."

Além de produtos artesanais, os expositores vendem comidas e bebidas típicas. Quem for à feira também poderá assistir a shows musicais, leitura de poemas, exposição de arte primitiva, mostra de cinema e desfile de moda com peças criadas por artesãs da Bahia e de Minas Gerais. A programação da feira pode ser obtida na página do Ministério do Desenvolvimento Agrário na internet: www.mda.gov.br.