Daniel Merli e Mylena Fiori
Repórter da Agência Brasil
Brasília – O presidente venezuelano Hugo Chávez questionou a falta de aprofundamento do debate político sobre a declaração final da Comunidade Sul Americana de Nações (Casa). Segundo ele, os documentos apresentados foram discutidos pelos ministros de Relações Exteriores e apresentados aos presidentes apenas para aprovação.
Chávez negou-se, então, a assinar o acordo, mas voltou atrás, após debater a questão com o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva e o ministro brasileiro das Relações Exteriores, Celso Amorim.
Durante o encerramento da 1ª Reunião de Chefes de Estado da Casa, hoje (30), Chávez afirmou que as reuniões não poderiam terminar sem conclusões práticas. Afirmou que, se fossem realizadas sem discussão, as reuniões da Casa seriam iguais às da Organização das Nações Unidas (ONU), que definiram as Metas do Milênio, mas, segundo Chávez, sem prazos ou métodos.
Chávez lembrou a proposta que apresentou, junto com o presidente uruguaio Tabaré Vazquez, de criar uma Comissão Sul – que seria encarregada de definir "um Plano Estratégico 2005-2010 para a verdadeira integração sul-americana".
Celso Amorim argumentou que o texto, que seria aprovado hoje, era apenas uma declaração política. "Mas se não tivermos um documento, mesmo que provisório, não podemos começar o debate", afirmou Amorim. O ministro defendeu que, mesmo vaga, a declaração de hoje tornaria possível novas reuniões práticas. Amorim argumentou que um atraso na apresentação do texto traria danos à consolidação da Comunidade.
Chávez pediu a palavra para responder a Amorim que "a falta de debate é que pode causar sérios danos" à Comunidade. Mas aceitou o argumento de que a declaração serveria de base para discussões mais práticas.
Lula propôs que, em cerca de 90 dias, a Casa pode voltar a reunir-se para discussões práticas. Afirmou que o encontro poderia ocorrer na próxima reunião do Mercosul, marcada para 8 de dezembro.
Lula concordou com Chávez a respeito da necessidade de "debate político" sobre os temas e de medidas para colocar os projetos em prática. Sugeriu que os documentos não fossem apresentados pelos ministérios no dia do encontro, para serem aprovados. Pediu que o texto seja enviado para os presidentes 15 dias antes do encontro, para facilitar a discussão.