Associação surgiu com estímulo das comunidades eclesiais de base

16/09/2005 - 12h27

Thaís Brianezi
Repórter da Agência Brasil

Manaus - A Associação de Silves para Preservação Ambiental e Cultural (Aspac) surgiu em 1993, fruto das comunidades eclesiais de base, incentivadas pela Igreja Católica na década de 80. Com apoio de missionários, os ribeirinhos se organizaram em torno da preservação dos lagos de Silves, que estavam sendo degradados pela pesca predatória.

A primeira grande vitória da Aspac foi a apresentação de um projeto de lei municipal que zoneia e normatiza a pesca em Silves, aprovado em 1993 e revisado em 2000. "Hoje nós temos muito conflitos com autoridades, inclusive juízes, que vêm pescar nas áreas das comunidades. Quando existe a lei, você tem argumentos para questionar essa ação", afirmou Vicente Neves, responsável pela pousada Aldeia dos Lagos, em Silves, uma experiência bem sucedida de ecoturismo de base comunitária. Segundo ele, a associação está participando da discussão de quatro acordos de pesca, que envolvem 23 comunidades do município.

A entidade tem hoje 56 associados. O trabalho com turismo envolve diretamente seis comunidades, onde vivem cerca de 96 famílias. Este é o primeiro ano que o programa de ecoturismo comunitário está funcionando sem financiamento externo. "Já recebemos ajuda também do governo da Suécia, também por meio da WWF-Brasil, e do Ministério do Meio Ambiente, a partir de 1999, com o PDA e o ProVárzea. Nosso maior problema é que a gente paga os custos da pousada na época de baixa temporada, porque a visitação é irregular, concentra-se entre julho e setembro", explicou Neves.

Segundo ele, a quantidade de hóspedes por ano não tem passado de 300 turistas, sendo que a maioria deles (60%) são europeus, seguidos dos norte-americanos (20%). Os brasileiros representam apenas 10% dos visitantes. Os Projetos Demonstrativos (PDA) e o Projeto Manejo dos Recursos Naturais da Várzea (ProVárzea/Ibama) são subprogramas do Programa Piloto para Proteção das Florestas Tropicais do Brasil (PPG7), financiado pela cooperação internacional e coordenado pelo Ministério do Meio Ambiente.

Entre os passeios oferecidos aos hóspedes da pousada Aldeia dos Lagos está a visita aos lagos de procriação (onde a pesca é proibida, inclusive a de subsistência), com possibilidades de pernoite nas casas flutuantes construídas pela Aspac, que ficam no meio dos lagos e funcionam como bases de fiscalização.