Brasil usa menos energia nuclear que países ricos e outros em desenvolvimento, comparam cientistas

07/09/2005 - 8h30

Thaís Leitão
Repórter da Agência Brasil

Rio – A produção brasileira de energia nuclear ainda é baixa se comparada aos países que lideram essa atividade. A informação é do professor Aquilino Senra, professor de engenharia nuclear na pós-graduação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Segundo ele, na França, por exemplo, 78% do total energia produzida vêm de fontes nucleares. No Brasil, 3,7% da energia é de fonte nuclear. Mas o novo Programa Nuclear quer aumentar a participação para 5%.

O pesquisador Antônio Teixeira, do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen) da Universidade de São Paulo (USP) acredita que o Brasil deve dar mais atenção ao desenvolvimento deste setor. Ele afirma que "em quase todos os países asiáticos, principalmente China e Índia, desenvolvem programas bastante importantes nesta área. E o Brasil tem muito a ganhar também com isso".

Aquilino Senra lembrou, ainda, que países como os Estados Unidos, na década de 50, a França, nos anos 60, o Japão e a Coréia do Sul, na década de 80, e, mais recentemente, a China, deram impulso a significativas transformações em suas economias a partir do desenvolvimento de suas indústrias nucleares. "Se o Brasil também quiser fazer parte desse grupo de países que conseguiram impulsionar sua economia, não vai poder abrir mão do desenvolvimento da sua indústria nuclear. Ela é estratégica e economicamente viável", disse o pesquisador da UFRJ.

Atualmente, os Estados Unidos são o maior produtor mundial de energia nuclear, com 104 indústrias, que representam 20% da matriz energética do país. A Lituânia é a nação em que a produção de energia nuclear responde por maior parte da produção total de energia, correspondendo a 80%.

A revisão do Programa Nuclear prevê investimento de US$ 13 bilhões até 2022 para a conclusão da usina Angra 3, além de outras duas unidades nucleares de grande porte e quatro de pequeno porte. Desde que foi iniciado, o programa consumiu R$ 600 milhões. A revisão do programa já está pronta e na mesa do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A informação foi dada segunda-feira (5) à Agência Brasil, pelo presidente da Comissão Nacional de Energia Nuclear, Oldair Gonçalves.