Severino deve se afastar do cargo se tentar prejudicar investigações, diz corregedor

06/09/2005 - 17h33

Iolando Lourenço
Repórter da Agência Brasil

Brasília – O corregedor-geral da Câmara, deputado Ciro Nogueira (PP-PI), disse hoje que o presidente da Câmara, Severino Cavalcanti (PP-PE), deve se afastar do cargo caso venha a "prejudicar as investigações ou se deixar de tomar alguma providência para esclarecer os fatos das investigações. Nesses casos, ele deve se afastar". A proposta de afastamento de Severino é apresentada desde o fim de semana por parlamentares. O objetivo seria o de facilitar as investigações.

Segundo o corregedor, se for necessária a presença de Severino para prestar esclarecimentos durante as investigações, ele será chamado para depor. "Sou amigo do presidente Severino, mas a Corregedoria não tem amigos e nem inimigos. Trabalha de forma correta e transparente", disse. Ele avalia que as investigações serão feitas em no máximo duas semanas.

Para ajudar os trabalhos da investigação, Ciro Nogueira chamou o corregedor substituto e terceiro secretário da Câmara, deputado Eduardo Gomes (PSDB-TO), e o quarto secretário, deputado João Caldas (PL-AL). Os três se reuniram hoje para definir os rumos das apurações.

Nogueira informou que a Corregedoria vai pedir cópias dos depoimentos do ex-gerente do restaurante Fiorella Iseílton Carvalho e do dono do restaurante, Sebastião Augusto Buani, na Polícia Federal. Além disso, ele disse que examinará a análise do contrato da Câmara com o empresário feita pelo Tribunal de Contas da União.

Severino afirmou que o dono do restaurante havia tentado extorqui-lo. O inquérito para investigar a denúncia do presidente da Casa foi aberto ontem (5) pela PF e é chefiado pelo delegado Sérgio Menezes.

Desde o último fim de semana, a revista Veja publica reportagens baseadas em denúncias feitas por Iseílton. Segundo documento que o ex-funcionário de Buani diz ter sido redigido pelo empresário, ele pagou mensalmente a Severino em 2003 uma taxa de R$ 10.000 para que seu restaurante pudesse continuar operando na Câmara mesmo depois de sua concessão ter vencido. Um documento assinado por Severino em 2002, quando ele era primeiro-secretário na Mesa Diretora da Câmara, autorizaria ilegalmente a permanência do restaurante. Regras da Câmara impediriam que ele autorizasse essa operação. Em nota à imprensa, Severino negou que tenha assinado essa autorização.