Vítor Abdala
Repórter da Agência Brasil
Rio - No último dia 22 de julho, 890 policiais militares ocuparam a Rocinha, uma das maiores favelas do país e roteiro turístico para vários dos milhares de estrangeiros que visitam o Rio de Janeiro todos os anos. O objetivo da operação, segundo a secretaria de Segurança Pública do estado, seria a prisão do homem apontado como líder do tráfico de drogas na comunidade. Erismar Rodrigues Moreira, conhecido pelo apelido de Bem-Te-Vi, era o terceiro na linha sucessória do tráfico local. Assumiu o posto após a morte de seus antecessores, vitimados em conflitos que vem acontecendo na área desde o ano passado.
Apesar de todo o aparato policial, que inclui carros blindados e armas pesadas como fuzis de guerra, o bandido continua solto. O que seria uma ação temporária da polícia tornou-se uma ocupação permanente. Em meio ao fogo cruzado entre bandidos e a PM, a população do morro vive o dilema de conviver com o tráfico e lidar com a truculência de maus policiais.
Durante duas semanas, a Agência Brasil entrevistou moradores da comunidade, especialistas em violência, representantes da sociedade civil, policiais e autoridades do governo do estado do Rio de Janeiro para retratar o drama vivido pelos moradores da Rocinha, que, segundo o último Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), tem uma população de 60 mil pessoas.
Os moradores ouvidos pela reportagem foram identificados apenas com o primeiro nome (sem o sobrenome), a pedido deles mesmos, por temerem represálias de bandidos que vivem na favela ou dos próprios policiais.