Ato contra a corrupção reúne 3 mil pessoas em São Paulo

06/09/2005 - 14h59

Marcelo Gutierres e Paulo Montoia
Da Agência Brasil

São Paulo – O ato público organizado pelo Movimento pela Legalidade, Contra o Arbítrio e a Corrupção reuniu cerca de 3 mil pessoas na manhã de hoje (6), no centro da capital paulista, de acordo com estimativa dada por Sandro Afonso do Rego, major da Polícia Militar. O movimento congrega entidades empresariais, sindicatos e entidades civis.

De acordo com o presidente da seção paulista da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-SP), Luiz Flávio Borges D’Urso, o objetivo da manifestação foi "exigir apuração profunda e transparente" dos casos de corrupção que estão em apuração, sobretudo no Congresso Nacional.

A manifestação começou na Praça da Sé e seguiu até as escadarias do Teatro Municipal, também no centro da cidade. Entre os manifestantes, homens fantasiados de ladrões estampando os nomes do deputado José Dirceu e do publicitário Marcos Valério e um sósia do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com terno e a faixa presidencial, além de faixas com a frase "Não somos palhaços".

Diante do teatro, D'Urso leu um documento intitulado "O Grito do Silêncio: Queremos a Verdade!", que cobra rapidez nas apurações da três CPIs em curso no Congresso: dos Correios, da Compra de Votos e dos Bingos. A cobrança também estende-se a outras instâncias públicas, como a Polícia Federal, o Ministério Público e a Câmara dos Deputados. "O país assiste hoje, estarrecido, à maior crise política de sua história. A cada dia surgem denúncias de graves casos de corrupção no governo federal e no congresso nacional", diz o texto.

"Precisamos de um projeto de nação e não de tomada e aparelhamento do poder", diz em outro trecho. Originalmente, esse movimento foi liderado pela seção paulista da OAB e as expressões "pela legalidade e contra o arbítrio" referem-se a críticas quanto à atuação da Polícia Federal em diligências em escritórios de advocacia e em empresas privadas de São Paulo. A essas expressões, somou-se a do combate e punição à corrupção.

Além da OAB-SP, compõem o movimento a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) – cujo presidente, Paulo Skaf, esteve presente ao ato – o Centro das Indústrias do Estados de São Paulo (Ciesp), a Associação Comercial de São Paulo, a Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo, a Associação Paulista do Ministério Público, entre outras entidades.

Do movimento sindical, participam a Força Sindical – que informa ser a organizadora do ato de hoje – e a Central Geral dos Trabalhadores (CGT), Social Democracia Sindical (SDS) e Central Autônoma dos Trabalhadores (CAT). Também participaram do ato vereadores, deputados estaduais e federais, entre eles Roberto Freire, presidente do Partido Popular Socialista (PPS).

"A idéia das entidades da sociedade civil, trabalhadores, empresários, comércio e serviços, é mostrar um pouco a nossa insatisfação quanto à apuração e à punição dos culpados", disse Paulo Pereira da Silva, presidente da Força Sindical.

"Depois de centenas de denúncias, de várias provas concretas (...) tem apenas 18 deputados na lista de cassação e mesmo assim estão tentando livrar a cara desses deputados". Segundo ele, o documento lido nas escadarias do Teatro Municipal será entregue ao Presidente do Supremo Tribunal Federal, Nelson Jobim, e às lideranças no Congresso, na próxima semana.