Benedito Mendonça
Repórter da Agência Brasil
Brasília – A universalização do acesso à energia elétrica e a retomada dos investimentos propostos pelo novo modelo do setor elétrico têm animado o segmento industrial responsável pela fabricação de transformadores, medidores e cabos de transmissão, além da área de distribuição. Sem risco de apagão e de racionamento de energia, as populações carentes de estados como a Bahia, Ceará, Goiás e Pará estão sendo beneficiadas pela primeira vez com energia elétrica do programa Luz para Todos e a projeção é que até 2008 sejam ligadas uma média de 400 mil novos consumidores por ano.
Na opinião do presidente do Sindicato da Indústria de Condutores Elétricos, Trefilação e Laminação de Metais Não Ferrosos do Estado de São Paulo (Sindicel), Sérgio Aredes, o que aconteceu a partir do ano passado foi uma retomada de investimentos "principalmente na área de distribuição e transmissão de energia elétrica, o que afetou o mercado e a indústria de condutores elétricos, em especial, os condutores de alumínio que são destinados a esse tipo de aplicação". O Sindicel representa 60 empresas do setor.
Aredes credita ao Luz para Todos essa nova fase de prosperidade e lembra a existência de algumas linhas de transmissão sendo licitadas. O que não estava acontecendo na época do apagão, em 2001. "O Luz para Todos trouxe um impulso grande na faixa de distribuição de energia, uma vez que o foco desse programa é levar a energia elétrica a todos os cantos do Brasil".
A perspectiva de que o Luz para Todos deva elevar a demanda dos fabricantes em 48% este ano e 39% em 2006 é confirmada por Aredes. Segundo ele, esses valores são considerados em cima do segmento de produção que é destinado a esse tipo de aplicação e isso inclui as redes de distribuição e de sub-transmissão de energia elétrica de longa distância.
Embora sem uma estatística definitiva, o Sindicel vem registrando um gradativo crescimento no número de emprego. "Não foi um acréscimo de muita significância, mas foi um acréscimo razoável", explica Aredes.
Ao comentar a demanda do Luz para Todos em termos de toneladas, Sérgio Aredes disse que a indústria nesse setor tem capacidade para ofertar 150 mil toneladas do produto por ano, sendo que em 2005 a demanda total será de 96 mil toneladas. "Esse é o número que está no planejamento para o projeto até 2008, ou seja, da ordem de 30 mil toneladas de cabos de alumínio anualmente", assinala, observando que "esses números estão de concretizando".
Com a idéia de dar a contribuição da indústria para as novas etapas da remodelação do setor elétrico, Aredes sugere que o governo se preocupe também em fazer crescer outro setor, o da contrução civil. "O setor elétrico sempre foi muito dependente da construção civil, tanto de infra-estrutura quanto residencial ou comercial. Esse setor hoje está capengando e com uma influência muito grande no nosso setor industrial".