Políticas públicas combatem a violência doméstica, defende secretaria especial

23/08/2005 - 20h00

Érica Sato
Da Agência Brasil

São Paulo - A criação de políticas públicas para prevenção e assistência é eficaz no combate à violência doméstica, na avaliação da diretora de programas da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, Aparecida Gonçalves. A violência doméstica foi tema de debate nesta terça-feira (23) durante a Consulta Nacional Sobre Violência Contra a Criança e o Adolescente, realizada pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef).

A diretora explicou que há entraves para a implementação de políticas de combate à violência porque "existe uma cultura de que nós temos na sociedade outras prioridades". Ela contou que "nós encontramos dificuldades nos municípios e nos estados de estarem assumindo todo o processo, de estarem entendendo que a violência doméstica é um caso sério – é um problema social e um investimento nessa área vai ter grandes resultados políticos".

Aparecida Gonçalves destacou ainda que "o governo federal precisa das parcerias com os estados e municípios". E enumerou alguns projetos em andamento, como o Centro de Referência de Atendimento à Mulher, que já existe em 52 municípios, as Casas Abrigo para Mulheres em Risco de Vida, as delegacias especializadas de atendimento à mulher e as defensorias públicas de atendimento à mulher.

Os dados levantados até o momento, segundo a diretora, não refletem o quadro real de violência no país, pois quando aumentam os serviços de atendimento, o número de notificações também cresce.

Já para a coordenadora de pesquisas do Laboratório de Estudos da Criança, da Universidade de São Paulo, Maria Amélia Azevedo, "o diagnóstico da situação de violência contra a criança e o adolescente no Brasil é um cenário em desconstrução", porque "depois de anos, estamos tendo alguns avanços significativos". Ela alerta que a violência doméstica é um fenômeno extenso e que o número de casos graves é muito grande. "O casos que nos chegam têm requintes de perversidade e custam, muitas vezes, a vida das crianças e dos adolescentes" disse Maria Amélia. As mulheres, segundo ela, só procuram os locais de ajuda quando o clima de violência, que já estava instalado na família, atinge diretamente os filhos.

Para ela o trabalho de prevenção é fundamental e, aliado à capacitação das pessoas para aprender a ouvir a criança e os adolescentes, pode reverter a situação de violência em que eles se encontram.